2ª votação de Temer será mais apertada

O governo do presidente Michel Temer está desidratando. O presidente pode até chegar no cargo em 31/12/2017, no entanto, ao contrário do ímpeto reformista e liberalizante anunciado no começo do mandato, Temer estará condenado a ser um presidente meramente tampão. Tudo indica, que seu governo tem votos na Câmara dos deputados para segurar a segunda denúncia do Procurador Rodrigo Janot, mas vencer pra que? vencer pra quem? O único beneficiado com a permanência de Temer à frente do país é ele próprio, que escapa do rigor da justiça comum e manobra no cargo para obstruir a justiça.

Em sua primeira denúncia, Temer venceu, mas com uma margem bastante inferior ao que previa, o presidente estimava algo próximo de 310 votos a seu favor, teve na prática 263. A oposição votou em peso, e uma parte da base acompanhou graças ao constrangimento de defender um presidente pego em flagrante em um diálogo pouco republicano com os donos da JBS, como você pode ver aqui, o placar da votação da primeira denúncia ficou em 263 a favor de Temer, contra 227 contra o presidente. Veja aqui como votou cada deputado na primeira votação.

Hoje o plenário da Câmara vota a 2ª denúncia contra o presidente, e até as 16:15 ainda não havia quórum no plenário para iniciar a votação. Isto mostra de forma cabal a fragilidade do governo que caso consiga viabilizar a sessão, o que é questionável, já que foram registradas até este horário algo próximo de 270 presenças, quando são necessários 342 votos para dar início à sessão. Com esta dificuldade, o governo deve reduzir em muito a quantidade de votos a seu favor, o que mostra o esfacelamento de sua base. Há muitas razões para acreditar que Temer terá menos do que os 263 votos tidos na primeira denúncia.

1° Sua tolerância com a infidelidade do PSDB na primeira votação, incentiva parlamentares de outros partidos a não assumirem o ônus político de votar com o governo e, portanto, criarem constrangimento com suas bases, para salvar o presidente cuja punição aos infiéis não será contemplada.

2° A capacidade financeira do executivo está exaurida, o caixa do governo foi comprometido em sua totalidade atendendo as emendas parlamentares, com vistas a ajudar o presidente na 1ª denúncia, desta vez não há dinheiro para irrigar os deputados com recursos para atenderem suas bases.

3° A percepção que o governo teve 263 votos, quase 90 votos a mais do que o necessário para livrar o presidente de ser processado (seriam necessários que os votos a favor de Temer fossem inferiores a 171 votos), criam o sentimento de que há uma certa “sobra” a favor do governo, isto incentiva deputados da base, mas com pouco relacionamento com o executivo, deixarem de votar com o governo para que o ônus da salvação recaia apenas sobre sua tropa de choque.

4° O relacionamento entre o presidente do Executivo Michel Temer, e o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) sofreu uma visível deterioração nesta segunda denúncia em relação a primeira. Parte dos votos a favor de Temer na votação anterior, deve ser creditada ao prestigio do deputado Rodrigo Maia, cujo envolvimento nesta segunda denúncia será segundo ele próprio, mais tímida.

5° Se o governo conseguir quórum e emplacar a votação hoje, ela irá adentrar a parte da noite, ou seja, o horário Nobre da TV aberta, isto amplia o constrangimento de deputados que desejem votar junto com o governo, podendo ser fator motivador de mudança de votos de última hora.

6° A atual denúncia protocolada pela PGR é considerada por juristas e especialistas da área, mais bem elaborada do que a primeira, além de envolver os nomes dos ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, um maior embasamento pode favorecer o convencimento de deputados indecisos.

O fato é que hoje (se a votação ocorrer) o governo deve ter uma votação menor a seu favor em relação aos 263 votos obtidos na primeira denúncia, não custa especular que talvez, sobreviva mas com uma votação inferior inclusive do que a votação da oposição. Talvez possa haver inclusive inversão do placar 260 contra Temer a 220 a seu favor. Se a votação não ocorrer hoje, a vida do presidente será complicada, pois ela só pode ser reagendada para daqui 2 semanas, neste período há prazo para um maior desgaste na figura do presidente da república.

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