Dono de um temperamento explosivo e muitas vezes intolerante, tido como um parlamentar polêmico, o Deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se prepara para alçar o voo mais alto de sua carreira política. Pré candidato a presidente da república a mais de um ano, o midiático deputado coleciona admiradores na mesma proporção que sua rejeição cresce. Em outras palavras, ninguém fica indiferente à Bolsonaro, ou as pessoas gostam dele, ou as pessoas o detestam.
O fato é que seguir ou detestar, são duas maneiras distintas de tornar alguém popular. E a popularidade de Bolsonaro está ancorada meramente em suas polêmicas morais. Independente de nossa posição particular quanto ao posicionamento do referido deputado, está claro que o teor da sua polêmica, se configura meramente em assuntos que pouco (ou nada) tem a ver com o dia a dia de um presidente da república. Bolsonaro é popular por se posicionar a favor de um conservadorismo moral que prevê a intolerância à famílias homossexuais, prevê a restrição das funções da mulher na sociedade e, principalmente, prevê um ataque frontal ao atual modelo regulatório do Estado quanto aos assuntos de segurança pública. Neste aspecto em específico, Bolsonaro encontrou o discurso ideal para se tornar um candidato viável, uma vez que denuncia o que já é flagrante, o Estado brasileiro fracassou (ou está fracassando) no combate ao crime organizado. Perceber isso não é mérito dele, que aliás tem sido superficial em apontar políticas públicas para alterar este fracasso regulatório no combate ao crime.
A superficialidade de Bolsonaro, no entanto, não se restringe às bravatas de solucionar o problema da segurança pública liberando o porte de arma para o “cidadão de bem”. No que se refere à temas relevantes do cotidiano nacional, como economia, direito e relações internacionais, o deputado apresenta notável despreparo, e isto tem viralizado nas redes sociais através de vídeos de debates e entrevistas dele, nos quais ele comete inúmeras gafes com relação principalmente à gestão econômica do país. Para o pavor dos que entendem do assunto, e para a tristeza dos que seguem o deputado, não é o Nióbio, nem tão pouco o Grafeno que vão salvar o país do desempenho medíocre em termos econômicos, sobretudo após o desastre da experiência heterodoxa do governo Dilma.
De olho nisso, e monitorando o estrago que seu despreparo em assuntos econômicos pode causar às suas aspirações presidenciais, Bolsonaro lança o nome do Economista Paulo Guedes como provável ministro da Fazenda de um eventual governo. Não conheço Guedes, mas pelo pouco que li tem um belo currículo e todas as credenciais para ocupar a pasta em qualquer governo. Resta saber, até quando o economista de orientação assumidamente liberal, terá um bom relacionamento com um político de orientação autoritária e, principalmente, cujas declarações elogiosas aos governos intervencionistas dos presidentes militares, sabidamente contrários ao ideário liberal.
Não creio que este casamento será duradouro, as ideias liberais são avessas às ideias e a postura de Bolsonaro. Na prática a indicação de Guedes para o ministério da fazenda é um truque de Bolsonaro, no sentido de ganhar algo que a popularidade não foi capaz de garantir, trata-se de um truque para adquirir a credibilidade que se distancia do pré candidato em cada bravata cometida contra minorias ou em cada gafe que expõe seu despreparo sobre economia.
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