Uma cidade Educadora?

 

No último dia 24/02 o Prefeito Gilmar Machado que tem usado o mote de uma cidade educadora para descrever seu governo, escreveu neste espaço um artigo denominado “A melhor educação de Minas” no qual ele defende o seu governo e lista algumas ações como por exemplo a ampliação do kit escolar e por ter supostamente colocado 10.000 crianças que antes não tinham vagas e agora passaram a frequentar a escola.

 

Em se tratando de gestão pública a arte do convencimento pode se dar através de duas premissas: seja pelo exercício retórico aos moldes de Jânio Quadros muito comum em países atrasados onde a população não se envolve ou interessa por estes temas, seja ainda por meio das informações técnicas, deixemos aos políticos o embate retórico, pois eles terão tempo para travá-lo ao longo da eleição que bate às portas.

 

Atendo-nos portanto à análise técnica da educação em Uberlândia, a primeira constatação com base nos dados do Senso Escolar do INEP é que haviam em 2012 matriculados na rede municipal de ensino 6420 crianças em creches, 9246 crianças em idade pré escolar, 22350 alunos no 1° ciclo do fundamental, 12448 alunos no 2° ciclo, 1899 nas EJAs somado ainda a 1353 alunos portadores de necessidades especiais, a soma portanto é de 53713 alunos matriculados na rede municipal de ensino.

 

Em 2014 último ano para o qual há informações disponíveis do Senso Escolar do INEP, tínhamos matriculados respectivamente 7954 crianças em creches, 10112 crianças na pré escola, 22719 no 1° ciclo, 11797 no 2° ciclo, 1855 nas EJAs além de 1992 alunos com necessidades especiais somando portanto 56429 alunos matriculados na rede municipal, um total de vagas criadas em 2 anos de 2716 vagas, e não as 10.000 que afirma o prefeito, mais da metade disso 1534 são vagas de creche, que podem ser explicadas pela evolução do perfil etário da cidade.

 

Entretanto o título do artigo rezava que Uberlândia possui a melhor educação de Minas, avaliações qualitativas são sempre complicadas e passíveis de um certo grau de subjetividade, o que é melhor para uns pode não ser melhor para outro, por isso o INEP cria parâmetros para nos ajudar a nortear estas avaliações e, quando os avaliamos percebemos que estamos piores tanto se comparados com o passado, quanto ao compararmos com outros municípios.

 

Uma boa avaliação qualitativa das escolas municipais são a denominada Taxa de Rendimento que englobam o volume de aprovação/reprovação considerando a frequência e a evasão escolar, neste aspecto em 2012 a educação municipal apresentáva 88,3% caindo ligeiramente para 88% em 2014, a cidade de Nova Lima MG escolhida aleatoriamente como parâmetro de comparação apresentava em 2014 94,9% no mesmo indicador.

 

Um segundo critério que pode nos dar pistas se estamos realmente construindo para além da mera retórica uma cidade educadora é a média de horas/aula que um aluno da rede municipal frequenta por dia e mais uma vez os dados do INEP são desanimadores em 2012 um aluno de escola municipal em Uberlândia assistia em média 6,3 horas/aula, em 2014 este mesmo aluno passou a assistir 5,4 horas/aula por dia, tornando flagrante a deterioração da qualidade na formação destas crianças, enquanto isso a mesma Nova Lima MG apresenta 6,8 horas/aulas.

 

Construir portanto uma cidade educadora com a melhor educação de Minas requer da prefeitura mais do que exercício retórico e distribuição de mochilas.
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