A Economia em 2016

O sofrível ano de 2015 está acabando; e os indicadores econômicos despertam em trabalhadores e empresários o desejo de se esquece-lo; entretanto, não há razões para estar otimista; podemos esperar por um 2016 bastante conturbado na economia e recheado de notícias ruins; para tanto listamos previsões para alguns indicadores relevantes.

 

No que se refere ao PIB o consenso das previsões apontam para mais um ano de crescimento negativo o que deflagra um crise trienal sem precedentes na história do Brasil, sendo crível que este número seja de igual magnitude ou menor que os – 3,7% que devem fechar 2015. Mas a pior notícia é que não há condições de retomada do crescimento pelo lado da demanda.

 

O consumo das famílias como principal componente de demanda está comprometido para os próximos anos por razões micro; onde principalmente em se tratando de bens duráveis seu consumo saturou no período anterior e foi fomentado via expansão do endividamento; mas este cenário deve se agravar com a elevação do desemprego que deve fechar ano que vem entre 10 e 12 milhões de famílias e com a elevação da inflação que deve permanecer próxima a 10% ano que vem achatando ainda mais a renda.

 

Embora melhore o nosso saldo externo e as estimativas apontem para um saldo comercial positivo de R$30 bi, isto se dará principalmente por queda nas importações do que por uma dinâmica exportadora que favoreça o crescimento. Também está claro que os investimentos também não serão retomados no horizonte de médio prazo da economia; isto por que as perturbações alocativas causadas por intervenções toscas e grosseiras em setores produziu uma série de investimentos de má qualidade, em setores cujo o país não possui vantagens e portanto chegou a hora de desinvestir nestes setores; indústria naval é um dos muitos exemplos de incentivos setoriais que custaram caro e não produziram nada.

 

Por fim; ainda que a chegada de um ministro da fazenda com perfil estatizante como Nelson Barbosa está claro que a demanda pública não conduzirá o crescimento num cenário de déficit nominal de 9% e dívida pública de 70% do PIB; é ajustar ou ajustar as contas; não há margem para alquimias heterodoxas sob pena de se aprofundar a crise.

 

Do ponto de vista setorial é possível que o setor que mais sofra com a crise do ano que vem seja a indústria; num cenário de estagnação da produtividade e de elevação dos custos sejam financeiros na forma dos juros; seja operacionais na figura dos salários pode-se esperar que ela sofra ainda mais; o comercio e serviço deve sofrer mais com a queda nas vendas que vão refletir os fatores de queda no consumo. O agronegócio deverá sofrer apenas tangencialmente uma vez que a retração de preços internacionais deve ser compensado em parte com novas desvalorizações do câmbio.

 

Certamente não devemos esperar um 2016 mais feliz em termos econômicos do que 2015; teremos na verdade um aprofundamento da crise nos dois primeiros trimestres do ano e uma perda generalizada de bem estar; o país está empobrecendo subitamente e reformas estruturantes devem ser realizadas; previdência; trabalhista; tributária; política no sentido de retirar benefícios de grupos encastelados; no sentido de se estabelecer regras horizontais sem as quais; mesmo diante do reajuste salarial para R$880 reais, estaremos convivendo com inflação acima dos 10%, desemprego acima de 10 milhões de trabalhadores e taxa de juros acima de 15%, diante disso só podemos desejar um feliz 2017 ao leitor.
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