A economia em 2015.

No dia 13/10 deste ano escrevi neste site um artigo intitulado “Economia, o que esperar em 2015?” e na ocasião discorri sobre a necessidade de vários ajustes para a economia brasileira, alguns até em caráter de urgência, como o ajuste fiscal por exemplo, argumentei na ocasião que este ajuste traria impactos mais suaves para a economia brasileira caso Aécio vencesse as eleições, isto por que a desconfiança que paira sobre a capacidade de Dilma e sua equipe heterodoxa de empreender esta mudança de rumos era e ainda é muito forte, ou seja, o seu governo não dispunha de credibilidade e portanto o esforço para ajustar a economia deveria ser empenhado com muito mais esforço.

Dois meses se passaram e a indicação de Joaquim Levy para a chefia da economia brasileira demonstra que na ocasião meu diagnóstico estava correto, sua nomeação é feita no justamente no sentido de se resgatar a credibilidade perdida, dado o perfil extremamente ortodoxo do novo ministro.

 

Não se deve entretanto, atribuir ao novo ministro da fazenda a responsabilidade de se realizar milagres, principalmente quando o restante do conjunto ministerial é de má qualidade, em outras palavras, para a economia ir bem, o governo todo deve ter eficiência. Eficiência esta que está longe de ser prioridade com a indicação de Antony Garotinho para o Banco do Brasil, Cid Gomes para a educação e Gilberto Kassab para o ministério da cidade.

 

Em outras palavras, a mera indicação de Joaquim Levy não vai servir para acalmar os ânimos dos investidores, simples cortes de subsídios e redução do papel do BNDES na economia já não são garantia de sucesso do ajuste, a situação é grave, o gasto público cresceu demais e suas vinculações constitucionais prevêem que ele continue crescendo, a solução passar por redução de benefícios e por medidas impopulares como: 1° – alterar a regra de pagamento para o seguro desemprego, 2º – diminuir o processo de valorização real do salário mínimo, 3° – venda de participações do governo em empresas estatais e de ativos em empresas privadas em propriedade do BNDES-PAR.

 

A não realização deste ideário de tarefas por parte do governo, significa que o ajuste será feito elevando impostos na economia brasileira, o que vai aprofundar a recessão, terá impacto modesto sobre as receitas públicas, colaborando para a manutenção do déficit do setor público e para o crescimento da dívida bruta hoje em lamentáveis 62%, que pode ser ainda mais prejudicada caso o governo seja chamado a agir em socorro dos bancos públicos sucateados ao longo do primeiro mandato de Dilma. Dado isto, somada a pressão existente sobre a balança comercial, perderemos a nossa classificação de Grau de Investimento pelas agências ratings, isto acontecendo o investidor estrangeiro já desconfiado da fragilidade da economia brasileira vai fugir em manada, o câmbio vai desvalorizar ainda mais, as reservas vão sumir e a inflação vai disparar no curtíssimo prazo e então a dosagem do ajuste será muito mais penoso pra sociedade.

 

Não é pessimismo, mas cautela agora pode nos poupar problemas sérios no futuro, a curto prazo temos duas saídas de difícil alcance: 1° – crescer, nós sabemos que em 2015 teremos novamente PIB tendendo a 0%, 2° – cortar gastos públicos, o que dada as vinculações constitucionais exige um esforço muito mais político do que econômico, é o trade off entre racionalidade e populismo, qual vencerá?
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