O ressurgimento industrial

Hoje é consensual na economia brasileira que o principal problema de curto prazo é a retomada do crescimento em níveis mais robustos, este entretanto, não é um desafio simples de ser alcançado e os instrumentos que atual governo se vale lograram pouco êxito. Hoje está claro que artifícios como incentivos fiscais, políticas de conteúdo nacional e protecionismo fracassaram na tentativa de reanimar a economia brasileira.
 
Neste caso, se o receituário com amplas doses de intervencionismos estatais fracassaram, qual seria a melhor alternativa para restabelecer uma rota de crescimento sustentado com vistas ao longo prazo? Está claro que este crescimento só será alcançado, na minha opinião, conforme iniciativas pró mercado sejam adotadas e este caminho passa por um ressurgimento vigoroso do parque industrial brasileiro.
 
Não é de câmbio que nós estamos falando, a indústria brasileira tem que ser competitiva seja qual for à taxa de câmbio, tal como é o nosso agronegócio, hoje existe uma parte dos economistas e industriais que defendem a desvalorização cambial como a forma de restabelecer a competitividade industrial, isto entretanto é jogar a poeira pra debaixo do tapete, o Real desvalorizado além de não corrigir as distorções tributárias, a deficiência de infraestrutura modal e energética, os altos custos trabalhistas e a baixa produtividade do fator trabalho da economia brasileira, além dos altos juros praticados internamente e a escassez de financiamento de longo prazo, trás consigo um efeito colateral não desprezível; a elevação da inflação via produtos importados mais caros.
 
O caminho passa portanto, por atacar as causas do problema, e uma reforma tributária é o primeiro passo, a unificação do ICMS por todo o Brasil deve ser prioridade, além disso, a unificação do PIS, COFINS e IPI em um único imposto sobre o valor agregado me parece uma proposta plausível, possíveis perdas em arrecadação deveriam ser compensadas por elevações no imposto de renda e inclusive com a criação do imposto sobre grandes fortunas.
 
Na infraestrutura, devemos avançar com menos presença do Estado e mais parcerias público-privadas, sem que o governo interfira no retorno dos projetos o que afugenta investimentos. No campo trabalhista, devemos adotar leis mais flexíveis, inclusive com vistas à carga horária semanal, o projeto que tramita na câmara tentando reduzir de 44 para 40 horas semanais é nocivo para nossa economia, o ideal é que sindicatos trabalhistas e patronais de todos os setores negociem de maneira flexível sua jornada.
 
Por fim os juros altos e o financiamento de longo prazo não passam meramente pela atuação do BNDES que seleciona os amigos do rei para conceder empréstimos a juros subsidiados com carência e prazos alongados, é preciso baixar os juros para todas as empresas brasileiras, redução do spread bancário via atuação dos bancos públicos me parece uma medida adequada, mas vai além, passa pela elevação da poupança doméstica dos atuais 14% do PIB para 18%, o que só é possível ao diminuir déficit do setor público de atuais 2,5% a 0% do PIB.
 
Estas, embora medidas horizontais – que abrangem a economia como um todo – darão um novo oxigênio ao setor industrial brasileiro, pois atacam os principais gargalos da economia brasileira de forma simultânea e definitiva, garantindo a competitividade de longo prazo do setor industrial e níveis mais robustos de crescimento.
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