Desarticulação e o fim de um legado

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 

Em 2010, o PSDB como único polo de oposição ao governo, lançou seu melhor quadro político para a sucessão presidencial, o ex-ministro e governador José Serra que enfrentou um embate difícil contra aqueles que se apropriaram do estado e o utilizam a todo momento em benefício próprio como forma de se alimentar no poder do atraso que eles próprios impuseram ao país.

Serra tem uma bagagem de mais de 30 anos dedicados á política, sobre a sua biografia não paira qualquer mancha e sua folha de serviços prestados ao país é muito maior do que a de qualquer petista, mesmo aqueles que exerceram a presidência. É um economista, seus conhecimentos sobre a economia brasileira o projetam como o quadro que o país precisa para se desvencilhar dos problemas econômicos que a má condução da política macroeconômica condenou o Brasil a partir de 2009. Sabendo das dificuldades de um processo onde a disputa se daria de maneira desigual, entre a oposição e o estado com todos os seus recursos sendo colocados em prática pra manter no poder os amigos do rei. Serra foi ao segundo turno com chances reais de vencer as eleições.

Nesta época, militava eu dentro do PSDB e fiz campanha sozinho na cidade para nosso candidato a presidente, achava inusitado que tínhamos no grupo 3 ou 4 candidatos a deputado na ocasião e nenhum pedia votos para seu candidato a presidente, mesmo o deputado Luiz Humberto que é do PSDB chegou ao ponto de produzir um material de campanha que deixava em branco o espaço do número do candidato a presidente além de não plotar sequer uma foto na entrada de seu comitê do candidato José Serra, enquanto a candidata do governo, por sua coligação ser maior tinha em torno de 8 ou 9 candidatos a deputados na cidade de Uberlândia e todos levando a campanha de Dilma junto com a sua.

Naquela ocasião se tornava nítida as fraturas e as mágoas futuras que pairariam sobre o maior partido de oposição, visto que o abandono da campanha de Serra se multiplicara por todo o estado. Em Uberlândia Serra teve algo em torno de 34% dos votos na cidade, mesmo tendo sua campanha feita na época por mim e por um pequeno grupo de pessoas que fomos as ruas e distribuímos material, e fizemos o corpo a corpo. Passados 2 anos, tivemos a eleição para a prefeitura da cidade, onde o processo se deu de maneira muito mais equilibrada em relação a eleição presidencial, o tempo de televisão dos candidatos era o mesmo, o numero de candidatos a vereador de cada coligação era equilibrado, e o candidato do governo perdeu em primeiro turno mesmo com nosso total empenho em tentar elegê-lo, sua votação se deu em algo entorno de 27%, um resultado muito ruim pra um quadro conhecido, e que dispunha das máquinas municipal e estadual.

Observem um detalhe, Serra teve 34% em Uberlândia, enquanto Luiz Humberto 2 anos depois teve 27%, 7% a menos, ou seja, podemos concluir que esta parte de eleitores do Serra em 2010 preferiram votar pra prefeito no candidato do PT Gilmar Machado, sendo este o preço pago pelo PSDB pela desarticulação de suas campanhas, a grande referência de um partido são seus quadros nacionais, quando os soldados que são as lideranças locais se descolam dos grandes lideres, os eleitores perdem a referência e é isto que está acontecendo dentro do PSDB, a desarticulação total das campanhas de todos os níveis estão enfraquecendo o grupo e criando fissuras internas irreparáveis.
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