A retomada da modernidade

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 
 
Como uma tentativa de salvar a economia brasileira de um desempenho pior do que medíocre nos próximos anos, a presidente Dilma Rousseff tem se mostrado pragmática na condução da economia. Com uma gestão muito mais séria e voltada a resultados em relação a seu antecessor, Dilma retoma a pauta de modernização econômica da década de 90 nos governos tucanos de FHC.

Na ocasião Fernando Henrique Cardoso deu um salto qualitativo na gestão estatal com o enxugamento da máquina pública, e criando condições para um maior crescimento da nossa economia pautada no setor privado, entre outras medidas que não pretendo mencionar aqui, as privatizações foram um importante exemplo destes avanços na economia.

Na época as privatizações feitas avançaram entre muitas outras áreas, no sentido de oferecer um serviço de telecomunicações mais eficiente, moderno e capaz de dinamizar a economia do país que hoje percebemos poucos anos mais tarde a importância da internet, da telefonia fixa de qualidade no ambiente de negócios do Brasil, em outras palavras foi graças ás privatizações tucanas que aposentamos a carta e usamos o e mail. Hoje quase 15 anos depois das privatizações realizadas naquele período, Dilma abandona o dogmatismo ideológico frustrado de seu antecessor e avaliza um modelo de crescimento econômico planejado sim pelo Estado, mas executado por aqueles que tem por natureza a função social de gerar riqueza, os empresários.

Ainda que tardiamente as medidas de privatizações anunciadas ontem pela presidente, além de refletir em uma boa ação do governo, talvez a melhor nos 10 anos de PT se tratando de política econômica, o pacote tem uma vantagem ainda maior, mostra uma mudança na condução da política econômica no Brasil, é nitidamente o abandono ainda que parcial do intervencionismo setorial adotado até agora com desonerações de impostos para poucos setores privilegiados e que pouco efeito prático produziu para frear a queda drástica do nosso crescimento de 2010 para hoje. Mais do que isto, me parece uma inversão no modelo de crescimento econômico baseado no consumo durante os 8 anos de Lula, para um modelo baseado nos investimentos agora. Agindo assim, me atrevo a dizer que a presidente governa olhando para a economia de uma maneira muito mais próxima de FHC seu adversário, em relação a Lula, seu aliado e padrinho político.

Entretanto, independente da questão política que fiz questão de mencionar para reforçar que o estatismo de fachada do PT é mero trololó eleitoreiro, na prática o partido sempre compreendeu que se fazia necessária um maior lastro da iniciativa privada no processo de desenvolvimento do país. No entanto cabe-nos cumprimentar o governo pela iniciativa e torcer para que novos paradigmas sejam quebrados, sem esquecer que o programa que contará com 80% de financiamento do BNDES, embora ousado do ponto de vista da credibilidade deste governo no quesito investimento, é pequeno do prisma das necessidades do país. Os R$133 bilhões anunciados para os próximos 15 ou 20 anos é bem aquém do déficit atual de investimentos no setor logístico que segundo palavras de Eike Batista ultrapassa os R$300 bi.

Mesmo assim permaneço otimista, não com os resultados que sabemos, colheremos no longo prazo, assim como colhemos hoje os resultados das privatizações dos anos 90, mas sim com a mudança de postura que espero, norteie a condução da política econômica.
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