Na época as privatizações feitas avançaram entre muitas outras áreas, no sentido de oferecer um serviço de telecomunicações mais eficiente, moderno e capaz de dinamizar a economia do país que hoje percebemos poucos anos mais tarde a importância da internet, da telefonia fixa de qualidade no ambiente de negócios do Brasil, em outras palavras foi graças ás privatizações tucanas que aposentamos a carta e usamos o e mail. Hoje quase 15 anos depois das privatizações realizadas naquele período, Dilma abandona o dogmatismo ideológico frustrado de seu antecessor e avaliza um modelo de crescimento econômico planejado sim pelo Estado, mas executado por aqueles que tem por natureza a função social de gerar riqueza, os empresários.
Ainda que tardiamente as medidas de privatizações anunciadas ontem pela presidente, além de refletir em uma boa ação do governo, talvez a melhor nos 10 anos de PT se tratando de política econômica, o pacote tem uma vantagem ainda maior, mostra uma mudança na condução da política econômica no Brasil, é nitidamente o abandono ainda que parcial do intervencionismo setorial adotado até agora com desonerações de impostos para poucos setores privilegiados e que pouco efeito prático produziu para frear a queda drástica do nosso crescimento de 2010 para hoje. Mais do que isto, me parece uma inversão no modelo de crescimento econômico baseado no consumo durante os 8 anos de Lula, para um modelo baseado nos investimentos agora. Agindo assim, me atrevo a dizer que a presidente governa olhando para a economia de uma maneira muito mais próxima de FHC seu adversário, em relação a Lula, seu aliado e padrinho político.
Entretanto, independente da questão política que fiz questão de mencionar para reforçar que o estatismo de fachada do PT é mero trololó eleitoreiro, na prática o partido sempre compreendeu que se fazia necessária um maior lastro da iniciativa privada no processo de desenvolvimento do país. No entanto cabe-nos cumprimentar o governo pela iniciativa e torcer para que novos paradigmas sejam quebrados, sem esquecer que o programa que contará com 80% de financiamento do BNDES, embora ousado do ponto de vista da credibilidade deste governo no quesito investimento, é pequeno do prisma das necessidades do país. Os R$133 bilhões anunciados para os próximos 15 ou 20 anos é bem aquém do déficit atual de investimentos no setor logístico que segundo palavras de Eike Batista ultrapassa os R$300 bi.
Mesmo assim permaneço otimista, não com os resultados que sabemos, colheremos no longo prazo, assim como colhemos hoje os resultados das privatizações dos anos 90, mas sim com a mudança de postura que espero, norteie a condução da política econômica.
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