Novas oportunidades

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 10/01/2011
 
Muitos que leem este texto já devem ter ouvido a expressão muito repetida pelos mais fanáticos adeptos do governo Lula de que o Brasil nunca foi tão respeitado externamente.

Não comungo entretanto desta afirmação, o Brasil foi sim muito evidenciado durante os oito anos de governo do presidente Lula, mas não só neste período, durante a segunda guerra no governo do presidente Vargas o país era flertado por Roosvelt e Hitler para assumir um dos lados, as montadoras de automóveis que vieram ao Brasil durante o governo Juscelino são outra demonstração de que este país detinha prestígio externo, finalmente quando FHC realizou as reformas que modernizaram nossa economia, criou os programas sociais, deu transparência e eficiência na gestão pública, o Brasil passou a ser reconhecido definitivamente como um país seguro, estável, sério e confiável, sua importância internacional – já consolidada – ganhou vislumbre que foi mantido com muito êxito pelo presidente Lula.

Sendo assim por que as pessoas insistem na idéia de que o Brasil de hoje é mais respeitado do que o Brasil do passado?

A resposta é simples, com o fim da guerra fria a idéia que se tinha, consistia em uma ordem geopolítica internacional onde os Estados Unidos mais do que nunca exerceriam sua influência sobre o resto do mundo de maneira hegemônica, este era o pensamento que imperava no início dos anos noventa.

Entretanto passado os anos e a comprovação empírica que se tem é de que o mundo caminhou em uma velocidade rápida para uma ordem multipolar com uma certa perda de protagonismo por parte dos Estados Unidos – logicamente que continua sendo a nação mais importante.

Mas se os Estados Unidos se enfraqueceram no lugar de fortalecer o seu comando em relação ao mundo após o fim do império soviético, se enfraqueceu em relação a quem?

Em primeiro lugar a criação da União Européia como um megabloco político e econômico revigorou a importância do velho continente na tomada de decisões internacionais, por outro lado parte da geopolítica internacional foi deslocada para o sudeste asiático, onde os tigres, a China, a Índia e o Japão ganharam uma enorme importância, além disso temos a Rússia como herdeira da União Soviética sendo uma potência energética e militar e por fim temos os novos emergentes, países como Brasil, Africa do Sul, México e Austrália que aspiram um lugar de maior destaque – e reunem condições para isso – nas relações internacionais.

Portanto a percepção de que o Brasil hoje é mais respeitado do que ontem é mera ilusão de óptica, pois respeito o país sempre teve diante de outras nações, o que surgem agora são oportunidades impensadas a anos atrás, onde os Estados Unidos não conseguem mais de maneira isolada tomar decisões por uma gama de países e acaba recorrendo a novos atores, e o Brasil daqui em diante exercerá uma influência ainda maior no cenário externo, independente do governo, isso se dá devido ao arcabouço internacional já consolidado no país, somos uma democracia, de costumes e práticas confluentes com as potências ocidentais e uma economia estável, ou seja, temos a faca e o queijo na mão para assumirmos um papel relevante na cena externa e tenho segurança quanto a isso, o que não se pode a partir de agora é praticar os equívocos diplomáticos que cometemos até aqui, episódios como Honduras, e companias como Irã e Venezuela devem fazer parte do passado.
Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*

*

*

Translate »