Conquista de uma geração

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 21/10/2010
O ano de 2010 representa os 25 anos que o ultimo general ligado ao golpe de 1964 governou o Brasil e ao mesmo tempo representa a ultima eleição realizada por um colégio eleitoral em nosso país.

Após 25 anos podemos refletir sobre fatos recentes e perguntar-mos a nós mesmos, será que somos um país verdadeiramente democrático? Mais ainda será que o cidadão brasileiro goza de seus direitos com plenitude?

Infelizmente embora tenhamos conseguido com luta e reivindicações de toda uma geração o direito de votar para presidente o Brasil não pode ser considerado um país plenamente democrático.

A imprensa embora livre vem sofrendo consecutivas agressões por parte de grupos que possuem não um projeto de país e de nação para apresentar ao povo, mas sim possuem um projeto de manutenção e perpetuação do poder em nosso país.

A tentativa de calar e dizimar a capacidade da imprensa livre de informar e denunciar a realidade do país para a população é uma tática antiga implantada por Joseph Goebbels na Alemanha Nazista que instaurou a censura naquele país respaldado em uma sensação de bem estar vivida pela Alemanha na segunda metade dos anos 30.

O resultado todos nós conhecemos na Alemanha e hoje a realidade no Brasil é muito semelhante, o país vive um bom momento na economia e isto serve para municiar de argumento setores conservadores que desejam eliminar a resistência contra frequentes excessos praticados por quem exerce o poder no Brasil.

O direito de votar foi adquirido por uma geração de brasileiros através de muita luta contra o regime autoritário, e hoje o país tem de se preparar para não cair na armadilha da democracia popular onde mesmo com o direito de voto, o lider carismático utiliza de sua influência para convencer a população a apoiá-lo em várias circunstâncias.

O período eleitoral tem de servir inclusive para afastar o fantasma do autoritarismo do Brasil, o debate entre os postulantes tem de se restringir ao conteúdo programático de cada um, a democracia tem de ser consenso entre todos os candidatos e todos os partidos, não cabe a representantes de qualquer das coligações ficar disparando ataques a liberdade de imprensa no Brasil, não pode ser possível que setores conservadores em nome de seu projeto pessoal de poder restrinjam a capacidade da mídia falar e criticar possíveis mazelas que frequentemente ocorrem no país.

Insisto que o Brasil está passando por uma crise de exemplos, quem ocupa o poder, afronta a opinião publica, massacrando adversários, agredindo a liberdade de expressão e debochando de instituições fundamentais para a fiscalização da transparência do poder executivo no Brasil, a capacidade de as minorias se manifestarem está cada vez mais restrita e fragilizada, a lei está deixando de ser parâmetro de igualdade e equilibrio de forças no Brasil e tudo isto respaldado por uma melhora no padrão de consumo dos brasileiros nos ultimos anos.

Devemos portanto estar atentos a sinalizações de um postulante a movimento conservador radical no Brasil que não está comprometido com o bem estar social, mas sim com um processo de perpetuação de poder que não interessa a ninguem e nem a democracia que embora tenha falhas, já dizia Wiston Churchil é o melhor modelo que existe e portanto sempre que ameaçada os brasileiros tem que reagir, de maneira legal com os recursos que lhes são disponíveis para dar um freio em setores que queiram calar a vós do contraditório.
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