Campanha em águas turvas

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 18/09/2010
 

O senso comum nos faz acreditar que a campanha tanto presidencial, como no estado caminha para uma decisão pré definida, no panorama estadual, dirigentes da campanha do Senador Hélio Costa se apoiam na credibilidade de Lula para estancar o processo hemorrágico de perda de votos que o candidato está sofrendo, por outro lado dirigentes petistas não contém a euforia na crença de uma possível vitória em primeiro turno.

Entretanto, a pouco mais de vinte dias para as eleições, emoções e surpresas nos aguardam. O que indicam as ultimas pesquisas de intenção de votos são mudanças de tendências no campo presidencial, onde Dilma parou de crescer e Serra deixou de cair, ao passo que no âmbito estadual ainda não podemos apontar uma tendência clara, portanto vou me abster da questão da sucessão de Aécio e focar na eleição presidencial.

Uma eleição nem sempre contém um grau de lógica que nos permite fazer previsões acerca dos resultados, e muitas coisas ainda podem acontecer em pouco mais de vinte dias de exposição intensiva nos veículos de imprensa.

Serra foi o nome escolhido pela oposição, o nome que liderou todas as pesquisas durante os mais de dois anos em que o governo fez campanha intensiva e ilegal para romper o desconhecimento de sua candidata, agora pouco depois do início da propaganda eleitoral Dilma passou, mas tudo indica que encostou no seu teto e a partir de agora deve sofrer uma queda.

Ao contrário, a queda sofrida em duas semanas por parte de José Serra, serviu como um choque, também para acordar a coordenação da campanha tucana e mobilizar as bases. Na prática isso significou uma melhora significativa na qualidade do programa exibido na televisão, a correção de erros de campanha e sobretudo a mudança de norte, Serra finalmente vestiu a carapuça de candidato de oposição, afinal, bandeiras não faltam para um candidato que queira criticar o atual governo que é débil em várias áreas estruturais inclusive áreas em que Serra tem amplo domínio como saúde publica e investimentos.

A campanha petista por outro lado percebeu que o crime cometido contra a família do tucano somado a nova postura da campanha de Serra podem e terão impacto eleitoral. Prevendo isto Lula ocupou cerca de dois minutos na propaganda eleitoral petista, para fazer de vítima a si e a sua candidata com a finalidade de tentar deter um possível crescimento oposicionista, que além de Serra, conta também com as candidaturas de Marina Silva PV e de Plínio de Arruda Sampaio PSOL que tem sido o mais generoso no disparo de ataques ao atual governo.

Analisando os desdobramentos eleitorais do ultimo mês podemos concluir que o crescimento da candidatura governista nas pesquisas se deu em bases frágeis, pois ocorreu após um debate e uma entrevista na TV em que Dilma não foi bem em ambas oportunidades e se deu principalmente após Dilma se identificar com Lula, o que significa que se Serra for convincente em passar o eleitor que as virtudes do atual governo serão mantidas e as áreas frágeis do governo sofrerão progresso, além de lembrar que o governo Lula manteve as boas políticas de FHC, Serra pode adentrar em uma trajetória ascendente.

Portanto não creio que seja prudente, nem aos apoiadores de Serra atearem a bandeira branca da derrota e nem tão pouco é prudente os aliados do governo cantem vitória antes da hora, porque a experiência ensina que eleição se ganha no dia e na apuração do voto.

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