Panorama do varejo

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 19/07/2011
 
Como podemos traçar o comportamento do varejo no país para os próximos seis meses se é que é possível traçar o comportamento de consumidores e empresas para nortear as iniciativas que balizem os negócios no período que se aproxima.

Ano passado vários segmentos do comercio varejista experimentaram algo inédito, ou no mínimo raro de se acontecer, crescimento superior a 20% em relação a 2009 no faturamento de várias empresas em diversos setores, pontualmente houveram casos em que a expansão nas vendas chegaram próximas aos 30%. O desempenho do comercio varejista em 2010 foi portanto muito satisfatório.

Para este ano a perspectiva é que o volume de vendas continue a crescer, entretanto não se deve apostar em uma expansão de vendas semelhantes aos 20% constatados no ano passado, segundo a pesquisa mensal do comercio divulgada pelo IBGE houve um crescimento na casa de 6,2% nas vendas do varejo em relação a maio de 2010 representando um crescimento anualizado de 9,2%. Com ênfase maior aos setores de eletrodomésticos/móveis com crescimento de 17,2% e 16,7% do setor de comunicações/informática. Por outro lado os setores de combustíveis/lubrificantes com 5,3% e de produtos alimentícios com 6,5% foram os setores que cresceram menos.

É perfeitamente constatável que setores que trabalhem com produtos de primeira necessidade da população cresçam em intensidade menor do que os demais setores á medida que o nível de renda da população aumenta, ela passa a adquirir produtos que antes não consumia, mas continua consumindo a sua cesta básica de produtos relacionados á sua subsistência como transporte, alimentação e vestuário.

O fator preocupante é o aumento da inadimplência no comércio que encerrou o primeiro semestre do ano com alta de 22,3% a maior constatada desde 2002, entre cheques, protestos e dívidas bancárias, a população sofre um elevado nível de endividamento num momento onde devido ás pressões inflacionárias seus rendimentos reais crescem menos. O aumento da inadimplência desfavorece a concessão de crédito ao consumo e pode interferir negativamente nas vendas do varejo neste resto de ano.

Outro elemento que pode começar a surtir efeito nas vendas do varejo a partir do meio do ano são as medidas governamentais com foco no combate a inflação como corte de gastos e arrocho monetário, o primeiro funciona retendo recursos em poder do governo que cairiam na esfera da circulação na forma de consumo do setor público. A segunda medida atua encarecendo o crédito para que as famílias consumam, mesmo aquelas com situação cadastral regularizada.

Entretanto há também as medidas de estímulo ao consumo e ao gasto das famílias como o 13º que começará a ser pago em breve no segundo semestre, além das restituições de imposto de renda, que na prática incentivam o gasto familiar.

Caberá também aos lojistas e empresários serem criativos e dinâmicos no processo de “caça ao consumidor”, investir em ações de marketing, em promoções, e em atendimento personalizado podem ser aliados poderosos no processo de expansão de vendas em 2011, e com o acirramento da concorrência fica difícil esperar que o consumidor venha procurar a empresa.

Concluindo podemos esperar que a evolução dos negócios realizados no varejo este ano seja crescente, entretanto devemos ter o pé no chão, pois dificilmente conseguiremos atingir os indicadores impressionantes do ano passado.
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