Mas não é sobre o aspecto político que Dilma herdará de si própria o maior ônus desta eleição, mas sim cabe a ela agora desfazer a herança maldita de seu governo no aspecto econômico o que é uma tarefa ainda mais difícil visto que a esta construção macroeconômica fora instituída por ela ainda como ministra de Lula e portanto, traduz a própria visão da presidente sobre como deve funcionar a economia. Não podemos culpar Dilma por fazer no governo aquilo que acredita ser o melhor, mas podemos culpa-la pelos resultados catastróficos que esta visão impôs ao pais.
Os números não mentem, o crescimento em 0% deste ano, somado a inflação de 7% nos preços livres mais o represamento de 2,5 a 3% nos preços administrados nos sinaliza a um alerta amarelo, um cenário que literatura denomina “estagflação” sendo a soma de recessão econômica com inflação insistentemente alta. Mas os problemas não param por aí, nosso déficit nominal do setor público está batendo nos 4% do PIB fruto de uma política totalmente irresponsável a cerca do primário com a chamada contabilidade criativa, onde através de uma relação promíscua entre o tesouro e o caixa das estatais o governo maquiava o seu resultado primário. Agravando ainda esta situação o país apresenta após 10 anos de absoluto equilíbrio com setor externo um déficit em transações reais de US$70 bilhões. Tudo isto somado a uma taxa de investimentos doméstica que este ano será inferior a 17% do PIB e a um processo sangrento de desindustrialização que fez com que a indústria de transformação que representava 25% do PIB nacional em 1985, hoje represente algo em torno de 12%.
Portanto, pra quem passou 12 anos reclamando da herança recebida por FHC, me parece um bom começo de 2º mandato começar a desconstruir a própria herança na área econômica e restabelecer aquilo que por demagogia ou por acesso à informações erradas combateram. A indicação do ministro da Fazenda para os próximos 4 anos indicará se o governo pretende trazer de volta a economia brasileira para os trilhos, ou irá manter o caminho suicida que já fora percorrido no passado durante os anos 1970 de aumento do controle do Estado sobre a economia que redundou em 15 anos perdidos entre o 2º choque do Petróleo e o Plano Real que recolocou o Brasil no caminho do desenvolvimento com distribuição, caso o primeiro caminho seja o escolhido preparem-se para um médio prazo pior do que vivemos hoje.
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