Economia, em quem acreditar?

Passadas as eleições dada a fragilidade pela qual a parte vencedora está exposta após consecutivas barbeiragens bancadas por este governo com sua visão míope e irresponsável em se tratando de economia, o debate ressurge com força total onde por um lado há uma nítida pressão para que Dilma se torne mais Aécio em assuntos econômicos por uma ampla maioria dos analistas econômicos – na qual me incluo entre – e um grupo também relevante de economistas que advogam pela manutenção e aprofundamento da atual estrutura.

Começando pelo segundo grupo, aqueles que dizem que os defensores dos ajustes macroeconômicos e portanto da ruptura com o atual modelo são “porta vozes do mercado financeiro” e desta forma “inimigos do emprego e da renda do trabalhador”. Na prática utilizam-se de uma ampla dose de demagogia e populismo para se auto proclamarem os paladinos da justiça social em serviço dos mais pobres e explorados. Será mesmo?

 

A visão ideológica por parte destes economistas é exatamente a mesma que existiu no Brasil durante os anos 1970 e produziram sérios desequilíbrios no Brasil ao longo de 15 anos ditos “perdidos” no Brasil entre o segundo choque do petróleo em 1979 e o Plano real em 1994.

 

A noção de que a inflação controlada só serve pra enriquecer banqueiro, de que as políticas de desonerações e incentivos setoriais promovem o desenvolvimento industrial, de que o crescimento deve se dar através da expansão a qualquer custo das empresas estatais, e que as políticas sociais são um fim e não um meio é o que legitima os previsíveis desastres pela qual esta visão condenou no passado e condena no presente à economia e a sociedade brasileira aos problemas que já conhecemos de baixo crescimento que prejudica o nível e a qualidade do emprego gerado, de aceleração inflacionária que corrói o rendimento dos trabalhadores e mais pobres, da falta de produtividade e péssimo ambiente de negócios que está estagnando os investimentos e desindustrializando o país, da falência do setor energético do país representado pela Petrobrás e Eletrobrás, da falta de inovação, do pessimismo, entre outros.

 

Do outro lado existe outro grupo de economistas, críticos deste modelo, à revelia de todas as acusações vazias e eleitoreiras que são destiladas, não somos partidários do desemprego nem “porta vozes de banqueiros”, ao contrário somos a favor do uso racional e eficiente dos recursos públicos onde austeridade não significa corte em gastos sociais, mas sim em desperdícios, onde o crescimento se faz com protagonismo do capital privado, com ganhos de escala e competitividade e não às custas do sucateamento das empresas estatais e do setor público como um todo como o primeiro grupo defende.

 

O ajuste (fiscal e monetário) é como uma injeção a ser aplicada no doente com uma infecção grave, dói no primeiro momento, mas mata a infecção, por outro lado a não aplicação da dose mais do que não curar a infecção, pode piorá-la, a escolha é do doente. Da mesma forma em economia, um ajuste fiscal e monetário embora possa afetar o crescimento ao longo de 2015 (que já não será grande coisa mesmo que não seja feito) ele certamente evitará que a insistência em políticas econômicas exóticas e irresponsáveis ao estilo década de 1970 condenem a economia brasileira a outra “década perdida” em termos de crescimento, inflação, e desemprego que é infelizmente aonde Dilma está nos levando.
Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*

*

*

Translate »