Apagão 2001 – 2015
Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 02/02/2015
A exatos 14 anos atrás o país passava por uma situação de racionamento de energia elétrica que segundo a retórica repetidamente propagada da ex ministra das Minas e Energia e da Casa Civil e atual presidente da república Dilma Rousseff estávamos livre deste risco, o que mais uma vez expõe a presidente ao vexame de ser desmentida pelos fatos.
Está claro que o racionamento vivido pelo governo em 2015 embora ainda na magnitude de 10% do consumo, ante 20% em 2001, os efeitos serão muito mais penosos para a economia do que em relação a 2001.
Isto ocorre por que o apagão de eletricidade não vem sozinho, desta vez o país vive um blackout hídrico, de logística, de mão de obra, de gestão, enfim, o único apagão que não ronda a economia brasileira durante os 12 anos de PT é o apagão publicitário que foi capaz de vender durante anos um Brasil desenvolvido que de fato nunca existiu.
De toda parte há inúmeros fatores que nos direcionam para uma situação mais grave em 2015 em relação a 2001, em primeiro lugar neste ano a indústria de transformação representava 17% do PIB, enquanto que hoje representa menos de 13%, ou seja, tivesse o setor industrial (o mais dinâmico da economia por excelência) o vigor apresentado a 15 anos atrás hoje, os efeitos do racionamento seriam muito mais dolorosos.
O segundo motivo para acreditar que em 2001 o racionamento foi menos grave em relação a atualmente é que na época o país não apresentava problemas inflacionários, a política monetária era crível como mecanismo de proteção do valor da moeda e não eram praticados mecanismos estapafúrdios de controle de preços públicas como os vistos ao longo destes últimos 4 anos.
Paralelamente à política de preços praticadas em 2001 e 2015 no passado ela não impôs ao setor elétrico um rombo bilionário como ocorre no presente, de forma que além dos problemas de estiagem que perduram por um tempo mais prolongado do que o normal, neste exato momento os ministros de Minas e Energia Eduardo Braga e da Fazenda Joaquim Levy travam uma queda de braços para decidir se o tesouro fará uma nova injeção de recursos no sistema elétrico ou não dada a fragilidade fiscal ao qual está sujeito, isso nos aponta para um cenário no qual novos investimentos para ampliar a oferta energética do país vão demorar anos para se materializar e que portanto continuaremos dependendo de São Pedro para gerar energia.
Outro motivo para acreditar em efeitos mais prejudiciais do racionamento neste ano é que em 2001 não havia um ambiente avesso a investimentos privados, concessões e privatizações que recorrentemente são agredidos pelo atual modelo de “gestão” econômica do país, em outras palavras, durante o governo FHC quando os chamados gargalos ao desenvolvimento não podiam por escassez de recursos de natureza ou financeira ou gerencial ser solucionados pelo Estado, o governo não era refém de um esquizofrenia retórica estatizante e a privatização modernizou a oferta de inúmeros serviços públicos no país.
Por fim, em 2001 não havia previsão de crescimento negativo da economia, nem tão pouco de achatamento da renda dos trabalhadores, tão logo chovesse os problemas de abastecimento estariam resolvidos como visto em 2002, hoje ainda que as previsões de chuva estejam todas erradas, serão necessários anos de ajuste e bilhões em recursos para reverter a situação do setor energético do país.
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