Quando a ignorância vence o bom senso

Pretendo começar este texto com uma provocação ao leitor; suponha que você seja o governador de um Estado cujo a rede estadual de educação fundamental e média contemple a matrícula de 7 milhões de estudantes; agora suponha que por uma mudança no perfil etário e do perfil de renda da população; estejam ocupadas apenas 3,8 milhões de vagas; trazendo portanto uma ociosidade de aproximadamente 40% das vagas.

Agora vamos complicar o nosso exercício de lógica com um elemento adicional; suponha que neste Estado haja 645 municípios que por força da constituição precisam oferecer creches e escolas de nível básico à sua população; então esta é a realidade do Estado de São Paulo e que motivou a polêmica reorganização do ensino público paulista.

A arte da política contempla fazer mais com menos; e me parece ser isto que está sendo levado a cabo na reforma do governador; uma vez que; não é razoável conviver no mesmo ambiente escolar crianças de 7 anos com adolescentes de 18; o projeto visa remanejar estudantes e estabelecer escolas por ciclos; onde estariam sendo alfabetizadas crianças do 1º ao 5º ano; separadas de crianças do 6º ao 9º; que por fim também estudariam separadas dos jovens do 1° ao 3° ano do ensino médio, não precisa ser especialista no assunto pra saber que a focalização do ensino gerarão consideráveis ganhos no aprendizado destes alunos.

Além do mais; o projeto de reorganização obedece alguns critérios coerentes uma vez que; dada a ociosidade existente; não haverá superlotação de salas; sendo que no ciclo 1 não haveriam salas com mais de 30 alunos; no ciclo 2 a lotação máxima é de 35; enquanto que no ciclo 3; o máximo de alunos em uma sala de aula seria de 40. Não obstante a isto a alocação de estudantes por escola é realizada pelo critério da menor distância; onde a seleção da escola se daria através da residência com limite máximo de 1.500 metros.

Feito isto; o excedentes de prédios escolares que sobrassem seriam municipalizados para que os prefeitos do Estado ampliassem o volume de escolas básicas e de creches para suas populações e aquilo que hoje está sendo acusado de “fechar” ou “diminuir” escolas; na verdade significará uma elevação no total de escolas visto que a ociosidade do Estado será convertida em ampliação de vagas municipais.

Perceba o leitor como que através do planejamento é possível melhorar a qualidade (através da focalização por ciclos); ampliar o total de vagas (resolvendo o problema de vagas nos municípios) e ainda gastar menos (vide economia com manutenção; material e energia que cada escola custa). Pois bem; é contra isto que um grupo de professores e estudantes vinculados a agremiações políticas e radicalizados estão contra; e aparentemente; no que se trata da capital paulista conseguiram.

Estou certo; após alguns anos convivendo na Universidade e escola pública que o problema principal da educação deixou de ser falta de recursos; o Brasil é a 7ª economia do mundo e gasta 7;5% do PIB (não do orçamento) com educação; o que o coloca como um dos países que mais despendem recursos no mundo para este fim. Certamente o problema da educação não será solucionado enquanto alguns profissionais desta a enxergarem como um instrumento de manipulação e trampolim político; onde através de uma leitura fascista de Gramisci; sacrificam o aprendizado de quem vê na escola um caminho para ascensão social.
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