O “novo velho” estilo de Dória

Após vencer em primeiro turno uma eleição acirrada no município de São Paulo, e se tornar prefeito da quarta maior cidade mundial. João Dória se transformou em uma positiva surpresa ao público brasileiro, graças a uma combinação de fatores tais como: 1-) sua facilidade de se comunicar, 2-) sua notável criatividade e capacidade de inovar, 3-) sua imagem de empresário bem sucedido antes do ingresso na carreira política, 4-) a incorporação do discurso anti-petista nítidas em críticas duras e agressivas ao presidente Lula, que agrada aos ouvidos de parte da classe média, 5-) a imagem de não político incorporada por ele, em meio ao flagrante descrédito do establshment político do país.

No entanto, aos poucos o prestígio do prefeito tem se dissolvido em polêmicas desnecessárias e inúteis. Também em medidas administrativas desastradas e precipitadas como a atuação na desocupação da cracolândia que pulverizou o consumo de drogas pela capital. Além de seu estilo truculento e autoritário ao reagir a críticas normais do processo democrático. O mais grave, no entanto, tem sido sua postura de se posicionar como pré candidato a presidência da república, aderindo a agendas externas a São Paulo e que nada tem a ver com o exercício do mandato pelo qual foi eleito. Ao se comportar assim, Dória se comporta como os velhos políticos dos quais é crítico, apenas políticos reprováveis Lula, Ciro Gomes e Bolsonaro anteciparam a eleição de 2018 para um ano antes.

Ademais, ao pressionar o PSDB pela vaga de candidatável à presidente da república, Dória se aproxima de partidos fisiologistas e mau avaliados, como PMDB e DEM (leia mais aqui), símbolos da velha política que o prefeito nega e critica o tempo todo. O PSDB certamente não dará a vaga de candidato a presidente a Dória, é rejeitado por uma ala do partido, a vaga será do governador Geraldo Alckmin, mesmo que haja prévias, o governador é imbatível dentro da máquina partidária.

Em entrevista recente, que você assiste clicando aqui, o presidente interino do PSDB, Senador Tasso Jereissati, lançou o nome do governado Geraldo Alckmin como representante da sigla nas eleições do ano que vem, no entanto, segundo as palavras do Senador, a indicação se dará apenas no final deste ano, ou no começo do próximo. Por trás deste prazo existe uma estratégia. Assumir uma candidatura fora do prazo, envolve um grande desgaste junto a opinião pública, neste prazo, ainda, há tempo do PSDB se afastar por inteiro do governo Temer, mal avaliado e sob intenso bombardeio da justiça e do ministério público. Ademais é possível construir nos próximos meses um arco amplo de alianças que tornem a chapa competitiva.

Portanto, não é razoável, nem do ponto de vista ético, tão pouco do ponto de vista administrativo, a postura do Prefeito de São Paulo em antecipar a disputa eleitoral que deveria ocorrer daqui a um ano, ao fazer isso, Dória se comporta como os velhos politicos que sempre criticou e que tem tido menos espaço a cada dia no cenário nacional. Eu particularmente, dificilmente votaria em um político assim.

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