Boas notícias do Datafolha

A pesquisa Datafolha que você lê aqui deste domingo, mostra que Lula perde fôlego eleitoral com a sua prisão, desmontando a narrativa de prisão política que setores da esquerda querem construir. Ademais, para 54% dos entrevistados, a prisão de Lula foi justa. Isto certamente prejudica as intenções petistas no curto prazo, mas pode configurar um fator de sobrevivência do PT para as próximas eleições. Isto pro que sem Lula na disputa, os candidatos do partido tendem a ter um desempenho mais tímido nas eleições, no entanto, 30% dos entrevistados do Datafolha, declararam votar em um candidato apoiado por Lula, o que indica que tanto o ex prefeito de São Paulo Fernando Haddad, quanto o ex governador da Bahia Jaques Wagner, tem espaço para crescimento ao longo do processo eleitoral.

A segunda boa notícia vinda do Datafolha, mostra que também fica claro com a pesquisa que Bolsonaro não vencerá, em nenhuma hipótese a eleição deste ano. O candidato que se coloca com um discurso demasiadamente polêmico, as vezes um tanto medieval e moralista, não capitalizou cacife eleitoral a partir do desgaste de seus principais adversários, o governador Geraldo Alckmin e o ex presidente Lula.  Talvez Bolsonaro nem vá ao segundo turno, mas se for, perde em praticamente todos os cenários. A pesquisa apurou ainda que grupos reacionários, defensores ou hostis ao presidente Lula se reduziram em relação à ultima pesquisa, os favoráveis ao ex presidente eram 38%, hoje são 32%. Já os denominados anti Lula, eram 36%, hoje são 31%.

Isto mostra que há um enorme espaço para o crescimento de outras candidaturas daqui até outubro. Marina Silva da REDE, devido ao seu Recall de participar das duas eleições anteriores, é a principal herdeira dos votos do ex presidente Lula num primeiro momento, entretanto, devido a sua tímida estrutura partidária, ausência de tempo de TV, e inexistentes bases locais, talvez seja impossível para ela manter este fôlego eleitoral. O mesmo pode ser dito para Ciro Gomes do PDT. Contrariamente a isto, a entrada de Joaquim Barbosa na disputa, partindo de uma intenção inicial de até 10%, a depender do cenário, recoloca a terceira via com chances de vencer as eleições. Barbosa tem uma avaliação pessoal honesta, está filiado a um partido sem maiores problemas de envolvimento com corrupção, e se posiciona próximo ao centro do espectro ideológico.

É importante salientar, que na pesquisa espontânea, 46% dos entrevistados declararam que ainda não sabem em quem votar, o que abre grande espaço para o crescimento de algumas candidaturas. Principalmente, candidaturas do establishment político atual, que estão sendo definidas a partir de agora, possuem uma máquina partidária densa, recursos financeiros, uma base local extensa, e grande tempo de televisão. Neste sentido há um largo espaço para o crescimento nas pesquisas de Geraldo Alckmin do PSDB e Henrique Meirelles do MDB, que começam a se organizar a partir de agora. Isto pode inclusive ser um fator de atração de candidaturas que não decolaram nas pesquisas, como Rodrigo Maia do DEM, Paulo Rabelo de Castro do PSC e Guilherme Afif Domingos do PSD para estas coligações.

Finalmente, convém relatar que as redes sociais possuem um papel modesto nas eleições, quase inexpressivo. Candidaturas atuantes no Twitter, no Facebook e no Instagram apresentam baixo ou nenhuma pontuação na pesquisa Datafolha. É o caso do Senador Álvaro Dias do PODEMOS, personalidade de reputação sabidamente austera e honesta, com atuação destacada nas redes sociais e na própria mídia, mas orbita entre os 3 ou 4% das intenções de voto, o que inviabiliza a poucos meses da eleição, suas chances de vencer. O mesmo pode ser dito para os novatos, João Amoedo do NOVO, Flávio Rocha do PRB, Manuela D’ávilla do PCdoB e Boulos do PSOL, candidatos que apostam nas redes sociais para transmitir sua mensagem ao eleitor, mas que quando aparecem nas intenções de votos, tem apenas 1% do eleitorado.

Isto nos leva a concluir que os velhos fatores determinantes numa eleição, tempo de TV, recursos financeiros (doravante públicos), palanques regionais e estaduais, além do tamanho da coligação, serão novamente fatores decisivos para definir quem será o sucessor de Temer.

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