Chances de Lula vencer as eleições são reduzidas, mas ainda existem
Lula é um animal político e sabe que sua única chance de escapar da cadeia é se tornando presidente. Após perder a confiança do eleitor de classe média, sabe que suas possibilidades de retornar ao cargo são bastante diminutas, mas existe uma chance e esta chance será tão maior, quanto maior for a unificação da esquerda na eleição do ano que vem, e quanto mais fragmentada for a direita.
E é exatamente este o quadro que está ficando cada vez mais claro, Lula como principal candidato de esquerda, tendo seus 25 ou 30% dos votos tradicionalmente petistas. Auxiliado por mais duas ou três candidaturas de esquerda se colocam, Ciro Gomes (PDT), Manuela D’ávila (PCdoB) e eventualmente alguma candidatura do PSOL. Lula sabe que juntas, estas três linhas auxiliares de sua candidatura, não tem 10% dos votos no 1° turno, mas a participação destes candidatos será fundamental no seu projeto de desconstrução dos seus adversários de direita. Numa eleição que certamente será marcada por boatos e acusações, as chances de Lula serão maiores, quanto mais bem sucedido ele for em nivelar seus adversários por baixo, sobretudo em assuntos éticos e morais.
Por outro lado a fragmentação da direita está dada, é um fato para as eleições de 2018, o Governador Geraldo Alckmin (PSDB) é o favorito, tem uma estrutura partidária mais densa, maior número de apoiadores em sua coligação. Não se pode, no entanto, desprezar o peso eleitoral do Dep Jair Bolsonaro (PSC), cuja candidatura tem potencial para aglutinar importantes 15% dos votos válidos na eleição do ano que vem. Há ainda, candidaturas tidas como neutras no espectro ideológico (entenda-se neutras como diferentes de candidaturas de centro, no que se refere ao primeiro termo, há elementos do discurso da direita e da esquerda, no que se refere a segunda, não há qualquer elemento ideológico) são exemplos destas candidaturas neutras, os nomes da Senadora Marina Silva e do Senador Álvaro Dias, cujo seu potencial de votos podem aglutinar 20% se somados.
Se estas premissas de fato ocorrerem, teremos uma redução do centro político, dos históricos 40% das eleições passadas, aos 20% das candidaturas neutras. Enquanto que a esquerda vai levar no 1° turno, entre 35 e 40%, sendo Lula o nome mais forte que levará o voto dos outros candidatos no 2° turno. Já pelo lado da direita, é plausível pensar que somados, os votos de Alckmin e Bolsonaro tenham os mesmos 40%. Diferentemente do que ocorre no campo da esquerda, no entanto, estes eleitores que vão se diluir nas duas candidaturas da direita, são muito diferentes, e em um eventual segundo turno, há o risco de a candidatura que passar, não contar com o apoio da candidatura que ficar no 1° turno, se isto acontecer, as chances de Lula se tornar presidente são reais.
Mas de onde vem esta diferença? A cisão do eleitor de direita tem raízes antes das eleições de 2014, é fruto dos erros do PSDB, que no afã de fazer uma oposição institucional e as vezes “figurativa” aos governos do PT, perdeu parte do seu eleitor radicalizado para agremiações políticas que cresceram no processo de impeachment através do discurso “anti petista”. Isto flagra que o eleitor de direita se dividiu em dois grupos, um que pretende construir um rumo para o país a partir de 2019, outro que é simplesmente anti petista, ou contra tudo que é de esquerda. Evidentemente que as diferenças entre ambos são demasiadamente grandes, o que faz com que dificilmente estes eleitores e as candidaturas representativas de cada, criem canais de diálogos sobre pontos de convergência.
É de se pensar ainda que, diferentemente do que se passa no campo da esquerda, onde das 4 candidaturas postas, apenas uma tem a chance de vencer a eleição, no que se refere ao campo da direita, o fato de existir dois candidatos com viabilidade de estar no 2° turno, pode fazer com que haja um duelo particular entre eles, enfraquecendo ambos e inviabilizando uma aliança no 2° turno contra Lula e o PT. Se isso de fato ocorrer, pode ser a chance de Lula voltar ao poder, reeditando com uma perigosa dose de vingança, todos os desmandos do período em que governou o país e o atirou em uma tão grave crise.
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