Antes de dissertar sobre os acontecimentos recentes da política brasileira, permitam um relato pessoal raríssimas vezes utilizado neste Blog. O hoje economista Benito Salomão, que vos escreve quase que diariamente neste espaço, já foi um jovem idealista e proativo. Em 2005, aos 16 anos, ficou durante horas na fila de um cartório eleitoral afim de portar um título de eleitor para votar nas eleições de 2006, no então candidato tucano ao Planalto Geraldo Alckmin. Dias depois, acertou sua filiação ao PSDB.
Durante este período, o jovem Benito Salomão ganhou maturidade, denso conhecimento técnico oriundo da sua titulação como economista e notoriedade pela defesa do interesse público. Partidariamente assumiu a vice presidência da Juventude, esteve no diretório municipal, e finalmente tornou-se delegado do partido. Até abandonar o PSDB em setembro de 2013 por divergências junto a executiva local. Mesmo sem vínculo formal, e decepcionado com alguns rumos locais e nacionais que o PSDB assumiu Salomão não deixou de votar e apoiar no partido, e provavelmente a eleição de 2018 será a 1° que ele não votará (ao menos em primeiro turno), no candidato indicado pela legenda.
Após os acontecimentos recentes, Benito Salomão adotou um tom crítico em relação ao partido, e algumas das suas principais lideranças (muitas das quais sempre nutriu pública admiração como o ex governador José Serra). Não tem sido fácil, no entanto, ver o esfacelamento do partido alvo de escândalos vergonhosos de corrupção. Ver exercendo mandatos lideranças do partido que deveriam estar na cadeia. Mas principalmente, ver o partido ocupando cargos no governo do PMDB, coautor junto ao PT da arquitetura nefasta e arcaica que destruiu o sistema político e a economia do país. Em resumo, foi difícil de ver o PSDB fazer na prática tudo aquilo que denunciava com tanta veemência.
A decepção, no entanto, foi cedendo lugar à um resquício de esperança com a chegada do Senador Tasso Jereissati à presidência do partido. De uma forma equilibrada, tendo como escudo uma reputação impecável, em tom de humildade, o presidente interino aglutinou em torno de si jovens deputados do partido igualmente insatisfeitos com a situação e, a partir de então começou a “lavar a roupa suja” como você pode ver aqui. A partir de então deu-se início a um duelo velado entre o presidente interino e o presidente afastado do partido que pode ser lido aqui que culminou com a permanência de Tasso no comando da legenda.
A mais recente polêmica entretanto, deu-se a partir da propaganda eleitoral do PSDB idealizada por marqueteiros ligados a Tasso e veiculadas no último dia 17/08/2017, que você assiste neste link. No programa, não houve as tradicionais participações de políticos e caciques partidários, mas sim, um resgate das conquistas históricas do período em que o partido governou o Brasil, somada a uma autocrítica à postura recente do partido, além de uma pedagógica e propositiva menção ao parlamentarismo como forma de governo viável para o Brasil.
A veiculação da polêmica propaganda, despertou reações na ala fisiológica do partido, leia mais aqui. Setores leais ao governo Temer e políticos de credibilidade questionável, alvos de denúncias, investigações e processos, iniciaram um movimento de retirada do Senador da presidência do partido, uma espécie de conspiração que você constata neste link. A propaganda é apenas um pretexto, o que está em jogo é a permanência com cargos na base de um governo desprovido da ética. Agravada pressão que a supracitada ala fisiológica tem sofrido de seus eleitores e de correligionários para que devolvam os cargos, em nome da sobrevivência futura do partido. Desembarque este defendido pelo próprio economista Benito Salomão em artigo publicado em 2016,
Diante disso, na condição de ex filiado ao PSDB, de eleitor do partido, e de vocalizador intelectual de várias das premissas defendidas pelos tucanos, através de artigos lidos em todo o Brasil. O economista Benito Salomão é enfático na defesa do Senador Tasso Jereissati, e categórico ao afirmar que não se sente representado por Aécio, Aloysio e outros que pregam a lealdade a este governo. A permanência de Tasso neste momento significa não apenas a sobrevivência de longo prazo do PSDB, mas também a esperança de uma democracia de fato no Brasil, com responsabilidade, justiça e ética. Não é verdade que para realizar feitos econômicos e sociais desejáveis, seja necessário aderir ao fisiologismo, à corrupção e ao conchavo, a propósito, foi exatamente este o legado do PSDB do passado.
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