A Conspiração dos Influentes

Jornal Correio de Uberlândia dia 26/03/2016
O momento político e econômico é único, historiadores do futuro estudarão os acontecimentos da última semana, na qual a sociedade brasileira deu exemplos de patriotismo e civismo, mais de 6 milhões de pessoas foram as ruas reivindicar justiça, eficiência na gestão pública, democracia seriedade e transparência. Mas quais os fatores nos trouxeram a este ponto de tamanha efervescência social que está prestes a derrubar pela segunda vez um governo eleito?
Tanto no campo da política como no campo da economia a insatisfação social que opõe quase que a totalidade da sociedade a um grupo político que não tem capacidade técnico-gerencial, e moral para prosseguir à frente do governo brasileiro, está na exacerbação dos efeitos deletérios sobre a população da chamada conspiração dos influentes apresenta pelo Profº Eugênio Gudin, um dos mais notáveis pensadores da nossa história.
A referida conspiração dos influentes se dá pelo casamento dos interesses reacionários que unem setores empresariais em busca de privilégios através de garantias monopolistas e supressão da liberdade de concorrência oriundas da ação do Estado, somado à setores corporativistas da burocracia interessada no agigantamento estatal como forma de elevar seu poder sobre as decisões econômicas e políticas, somada ainda a grupos sindico-socialistas neo bolcheviques que enxergam no dirigismo econômico estatal um atalho para o rompimento com o direito da propriedade privada.
Estes setores reacionários são perigosos à civilização uma vez que tem capacidade de mobilização para pressionar politicamente pela manutenção de seus interesses individuais à custa da supressão dos interesses públicos, vimos isto na última sexta-feira 18/03, quando estes grupos foram às ruas aos gritos de “não vai ter golpe” e de palavras de ordem em apoio à Lula e Dilma, tais setores se auto proclamam arrogantemente como defensores exclusivos da democracia, dos avanços sociais, dos direitos e do interesse público.
Embora persuasivos, é relativamente fácil derrubar com dados técnicos e amparados na literatura a retórica de permissivos conspiradores dado que, como podem ser defensores da democracia os crentes no ódio de classes e na ditadura do proletariado? Absolutamente incompatíveis com os valores democráticos que prezam os direitos individuais inclusive os de propriedade.
É do jogo político se posicionar defendendo a democracia e a honestidade na política, ainda que tais defesas não encontrem coerência com as práticas cotidianas, numa demonstração nítida do charlatanismo e da hipocrisia dos movimentos que foram às ruas defender o status quo e consequentemente a impunidade, dadas as claras provas que se tornaram públicas e a auto confissão de culpa explicitada pelo aceite ministerial em troca da blindagem investigativa em curso.
A democracia precisa realmente ser defendida, mas não por aqueles que a muito tempo a estão dilapidando através de tentativas de silenciar a imprensa, aparelhar as instituições, boicotar sordidamente o judiciário e cercear o trabalho da PF e do MP, através inclusive do sucateamento financeiro do Estado com vistas a vencer as últimas eleições amplificando de forma expressiva a miséria, o desemprego, e o sofrimento do povo que dizem defender.
A democracia tem que ser preservada, em seu sentido pleno, não a democracia de facções que conspiradores influentes desejam preservar!
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