As fases do Populismo

Na sequência do meu último artigo sobre dominância fiscal; o momento se faz oportuno para que entendamos o que se deu neste domingo sobre a Argentina e suas implicações para o futuro do país e de toda a vizinhança que historicamente flerta com ideologias toscas e irresponsáveis; o Brasil não está livre da sua culpa.

 

Em primeiro lugar hoje é nítida a separação da América Latina entre duas vertentes; uma espécie de novo Tratado de Tordesillas onde desta vez; ganham os países do Pacífico e perdem os países do Atlântico; Chile; Peru e Colômbia são bons exemplos da América que prospera. Brasil; Venezuela e Argentina são exemplos contrários.

 

Tivemos ano passado a chance que hoje tiveram os argentinos de romper com um regime econômico que carrega no seu DNA o germe da sua própria destruição, quem teve a oportunidade de ler o trabalho de Dornbusch e Edwards (1990) denominado Macroeconomic Populism o prof° denomina as 4 fases do populismo; as quais são amplamente coerentes com as 4 fases da política econômica brasileira que denominamos no artigo anterior. Peço licença ao leitor para relatar as fases que o autor explicita.

 

1° – Nítida mudança dos objetivos da política econômica; o que consiste em estímulos ao crescimento por via de demanda para além da capacidade macroeconômica delimitada pelo lado da oferta; nesta fase incentivos ao consumo são abundantes há perda da qualidade da política econômica; mas a sensação por parte da sociedade é de elevação do bem estar, fazendo um paralelo com o artigo anterior; esta seria a segunda fase da política econômica no Brasil compreendida entre 2007/10.

 

2° – Dado o sucesso de curto prazo deste tipo de política e o bônus eleitoral que causa aos governantes a aposta é redobrada apesar dos desequilíbrios que já começam a aparecer da primeira fase; o crescimento começa a apresentar sinais de esgotamento; e os déficits orçamentários vão se elevando; no Brasil podemos atribuir este período à fase 2011/13.

 

3° – Caracterizado por um período mais crítico; possivelmente a fase atual da economia brasileira; aqui a combinação de políticas monetária e fiscal frouxa levam a uma aceleração preocupante da inflação que dissolve os ganhos salariais da fase anterior e a um grande passivo nas contas externas; nesta há forte perda de bem estar por parte da população que se rebela contra os governantes.

 

4° – A fase da estabilização; carregada de forte queda real dos salários; acompanhada de um ajuste fiscal e uma desvalorização do câmbio; o crescimento e o nível de emprego ficam comprometidos no curto prazo sob pena do país debandar para uma hiperinflação e uma desorganização completa da sua economia.

 

O texto do Prof° Dornbusch é portanto; quase uma profecia do que se passou na América Latina; no Brasil tivemos no ano passado a chance que a Argentina teve agora; de corrigir após 12 anos os rumos da sua política macroeconômica.
Certamente a vitória de Maurício Maccri irá inaugurar uma nova fase da democracia não apenas em seu país, mas também em todo continente; os resultados da estabilização na Argentina que a irá nivelar com Chile; Peru e Colômbia certamente começarão a aparecer bem próximo ao período das nossas próximas eleições presidenciais; podendo influenciar o resultado das eleições contra um governo que resiste ao mesmo desgaste que naufragou o regime peronista de Nestor e Cristina; em 2018 será a vez do Brasil.
Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*

*

*

Translate »