As causas do descontentamento.
No último dia 15, mais de 2 milhões de pessoas em todo o Brasil tomaram as ruas, em mais de 50 cidades em quase todos os estados brasileiros para manifestar o seu descontentamento para com os governantes brasileiros, as causas foram muitas, as pessoas que frequentaram foram das mais distintas camadas sociais e os objetivos eram bastante heterogêneos, mas os alvos eram em comum, o PT, Lula e Dilma.
É desonestidade intelectual avaliar este descontentamento como sendo algo passageiro e transitório e que tão logo o ajuste na área econômica comece a render frutos as coisas voltarão a sua normalidade. Daí temos duas causas para acreditar que a insatisfação vai perdurar, a primeira delas diz respeito se o ajuste que movimento uma quantidade de esforço gigantesca da equipe econômica vai funcionar, em tese, a probabilidade de muita coisa dar errado na economia ainda é maior do que a probabilidade das coisas darem certo, a segunda é, mesmo que desse certo, as medidas econômicas incorrem em custos sociais e dificilmente Dilma reconquistará o seu prestígio.
A insatisfação não vem de hoje, tão pouco ela iniciou em junho de 2013, o PT, historicamente sofreu resistência de uma parte da sociedade que se manifestava nas votações dos candidatos de oposição que sempre estiveram no segundo turno, se existir uma forma de se quantificar este descontentamento prévio com os governos petistas, seria algo nas minhas contas de aproximadamente 40% da população que se expressaram nas candidaturas de Alckmin 2006, Serra 2010 e Aécio ano passado, inclusive com uma certa rigidez geográfica do voto, em que com algumas exceções, o voto da oposição sedimentou-se na região centro-sul do Brasil, onde o PSDB sempre levou a melhor.
Se a rejeição ao PT não é a novidade, o que temos de novo a partir de junho de 2013?
Fica claro que o grande fenômeno que passou a vigorar desde então foi a radicalização, e ela não se deu sem motivo, e agora me parece tarde para se corrigir os erros do passado, o PT foi soberbo na vitória e no lugar de conquistar seus opositores com resultados, preferiu criminaliza-los, alijá-los e persegui-los com o odioso discurso do “nós contra eles” e “ricos contra pobres”, isto surtiu resultados enquanto se era possível “domesticar” através do orçamento uma parcela da população com aumentos salariais, benefícios sociais, bolsa empresário do BNDES e todo tipo de “vantagens” nas quais não se apresentava corretamente os custos.
Veio a eleição de 2014, tudo apontava para uma vitória da oposição, o desgaste do governo do PT se materializava em metade da população e em dois momentos diferentes a presidente Dilma esteve atrás na corrida eleitoral. Diante disto, foi acionada a máquina de guerra petista, o ataque aos adversários, a associação dos mesmos aos banqueiros que gentilmente lhe financiavam a campanha e em seguida cederam Joaquim Levy para fazer o trabalho que ela acusava publicamente os adversários de fazer caso eleitos, ruiu a confiança na palavra da presidente, e uma presidente que não convence acentua os problemas econômicos, estes por sua vez potencializam a insatisfação de forma que, na atual conjuntura, quem defende este governo acaba tão desmoralizado quanto, nunca foi tão fácil criticar, e a crítica ganhou força, de forma que mesmo que não caia, Dilma e o PT dificilmente farão sucessores para manter o projeto de poder de 30 anos do partido.
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