O pós petismo.
Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 07/03/2015
Após 12 anos no poder e tendo ainda 3 anos e alguns meses para exercê-lo o PT passa por seu pior momento e sem vistas de recuperação da sua arranhada e manchada credibilidade, durante os seus primeiros 8 anos de poder, o petismo sempre visto com desconfiança por uma parcela da sociedade foi submetido ao Lulismo, onde a figura pessoal do ex presidente asfixiava a figura ideológica do partido.
Surgiram os escândalos, seus principais quadros políticos foram forçados a abandonar o governo de uma forma melancólica, mas o bom desempenho da economia favorecido pelo ciclo de valorização das commodities, somado as reformas estruturantes do período FHC mantinha intacta a reputação e a imagem do então comandante do navio que maquiava seus fracassos através de uma eficiente indústria de marketing e quando maquiar não funcionava, o presidente se omitia e terceirizava responsabilidades.
Desta forma a inercia tomou conta da vida política e econômica do país que dormiu em berço esplêndido enquanto nosso futuro era leiloado sobre a legitimação de matar a fome dos humildes nivelando por baixo as classes médias brasileiras e num conchavo com algumas elites empresariais que inexistiria se não fosse pela atuação generosa e decisiva dos bancos públicos.
Estava montado o maior sistema de cooptação de apoio já visto no país, os fascistas invejariam de um modelo que era apoiado ao mesmo tempo pelo grande latifúndio e pelo Movimento dos Sem Terra, pelos sindicatos de trabalhadores e pelas entidades empresariais sem o uso da força, a oposição durante uma década resistiu alijada e minorada na sua função primordial para a democracia – realizar o contraponto.
Entretanto a mentira tem perna curta e o populismo carrega com sigo a sua semente da auto destruição e o petismo se ainda não chegou ao seu melancólico fim, parece estar beirando, há ainda alguma tímida resistência saudosista do PT socialista dos anos 1980 e 90 que é asfixiada todos os dias quando abrimos os jornais e descobrimos um novo assalto aos cofres públicos.
A esquerda está acuada, seu braço intelectual já não fala mais, e quando fala ninguém escuta, a população entendeu que mais do que mentir e roubar, a herança do PT é uma economia que voltou aos anos 1950 em termos de industria no PIB, que não exporta, que cresceu nos últimos anos graças a uma expansão desorganizada do crédito e dos gastos públicos e hoje é rondado por uma crise de confiança prestes a se transformar numa crise financeira.
A desconfiança é generalizada, primeiro contra o congresso e os partidos políticos, hoje ela se estende às empresas, ao poder executivo, ao poder judiciário e hoje até o sistema eleitoral tido no passado como o mais seguro do mundo é visto com desconfiança não por parte da oposição, mas sim por parte da própria sociedade.
Dilma deve terminar seu mandato, a despeito de todas as denúncias de corrupção que maculam sua imagem e de seu antecessor e do movimento ainda sem musculatura que lhe pede a cabeça, entretanto dificilmente fará seu sucessor seja ele quem for, o legado dos 16 anos de PT ao fim de 2018 será um país quebrado economicamente, pobre socialmente e marcado pela corrupção, é previsível dado isto que tão logo o PT largue o poder que o alimenta, ele será um partido que deixará de existir, nunca o terreno foi tão fértil para o surgimento de novos políticos e novas idéias para assumir o pós petismo.
1 comentário
Anônimo
Benito, aprenda a usar vírgula.