Os 10 fatores do PIB negativo.


Findado o infeliz ano de 2014 para a economia brasileira deveríamos estar animados por começar um novo ano e com melhores perspectivas, infelizmente não é este o sentimento que predomina na sociedade brasileira em termos de economia, 2014 fechará com um crescimento próximo de 0%, e 2015 segundo previsão do FMI apresentará crescimento de 0,3%.

Entretanto, não é prudente acreditar que 2015 terá um crescimento superior a 2014 e dito isto, não o impacto em todas as variáveis econômicas devem apresentar alguma deterioração, exceto a balança comercial que pode apresentar ligeira melhora pela redução das importações causadas mais pelo empobrecimento interno do que pelo aumento de exportações provocados por uma ampliação da dinâmica.
Existem na economia brasileira uma série de fatores que vão travar seu crescimento e com isto o desenvolvimento para 2015 e a depender das escolhas feitas ao longo do ano para os próximos anos, os fatores vem de ordem macro e microeconômicas (ou setoriais) de forma que a solução de apenas alguns destes fatores não implicam e ressurgimento do crescimento econômico a partir do próximo ano.
O primeiro passo para acreditar num 2015 penoso em termos de crescimento é que a vitória da candidata de situação nas eleições de novembro do ano passado não colaboraram para reverter as expectativas ruins da economia brasileira, o ano começa com as mesmas desconfianças que pairavam no final de 2014.
O segundo argumento é que o populismo fiscal exercido desde 2010 na economia brasileira e que vinha sendo utilizado como mecanismo de sustentação da demanda agregada não conta com margem orçamentária para continuar a exercer este papel, a corrosão do orçamento primário somado a um déficit nominal de 6% e uma dívida bruta de 62% do PIB indicam uma necessidade urgente de uma revisão da política fiscal, e notadamente um ajuste, sobretudo com as bases que vem sendo anunciadas (elevar impostos ao invés de cortar gastos) contribuirão para aprofundar a recessão da economia brasileira.
O terceiro fator consiste em que o ciclo de elevação da taxa de juros pelo Banco Central, que apontam uma revisão da política monetária antes voltada pra incentivar o crescimento e portanto, produzindo um pesado ônus sobre a inflação, começará a ser sentido a partir deste ano e como se sabe, ciclos de apertos monetários tem impactos negativos sobre o crescimento.
O quarto argumento é que embora a crise hídrica já se desenhava ao longo de 2014 havia expectativa de que em 2015 o pessimismo climático se revertesse e as chuvas de novembro a março normalizassem a situação, infelizmente o clima não ajudou entre novembro e janeiro e a expectativa metereológica é que daqui até o final do verão as chuvas permaneçam abaixo do necessário. Isto num cenário de um bilhonário rombo do setor elétrico em que novos investimentos com recursos do orçamento estão descartados.
O quinto fator que nos permite acreditar em um 2015 mais penoso, são os desdobramentos da operação lava jato que destruiu a capacidade da estatal de captar recursos no mercado de capitais e no exterior e portanto de manter ou expandir seu nível de investimentos, segundo o BNDES a estatal é responsável por 35% do total de investimentos direta ou indiretamente na economia brasileira. Isto implica que o investimento não será a fonte do crescimento econômico em 2015.
O sexto argumento implica numa desaceleração da economia internacional, países emergentes como China e Índia vão apresentar taxas modestas de crescimento (pouco acima de 6%) para padrões asiáticos, a Rússia deverá mergulhar em um decréscimo de 3% do PIB, a Zona do Euro e o Japão embora apresentem algum crescimento ainda lutam contra a deflação, e por fim na América Latina os países com os quais o Brasil se alinha, Argentina e Venezuela seguem em crise, das economias grandes, os EUA deve ser o único país a apresentar um crescimento mais robusto, entretanto, não foram construídas pontes comerciais com o país durante os últimos 10 anos, isto implica que a reversão da recessão brasileira também não virá de fora.
O sétimo fator vem do setor de construção civil, o recente anuncio de elevação dos juros para esta modalidade num ano em que a bolha imobiliária está estourando, fará o preço dos imóveis cair, dificultando novos negócios num ambiente em que a oferta está alta e os estoques encalhados com as construtoras.
O oitavo argumento vem do setor automobilístico, os incentivos criados em anos anteriores para aquisição de veículos criaram neste setor uma excessiva capacidade produtiva que nas condições atuais de redução do crédito, aumento do endividamento e redução da renda real provocaram uma sobreoferta e muita capacidade ociosa.
O nono fator vem do esgotamento do mercado de trabalho proporcionado por uma combinação de fatores como, baixo crescimento demográfico, possibilidade de precoce aposentadoria, baixa e estagnada produtividade do fator trabalho implicam a uma limitação ao crescimento brasileiro, fica claro que o black out da economia brasileira não se limita a oferta de água e energia.
O décimo fator vem da baixa capacidade inovadora da economia brasileira, o excesso de protecionismo, a falta de concorrência acirrada condenam a nossa economia à ineficiência, esta por sua vez cria empresas que não inovam e portanto, não são capazes de serem competitivas em períodos de crise isto fica mais evidente com falências, recuperações judiciais que impactam negativamente os investimentos.
Está claro com isto que 2015 terá uma taxa de crescimento negativa na ordem de 1% do PIB, onde os investimentos não devem chegar a 17%, o desemprego deve apresentar alguma alta para 6,5% dada a alteração da regra do seguro desemprego empurrando para o mercado de trabalho uma massa entre 4 a 5 milhões de pessoas num momento em que a economia não poderá absorvê-la, as metas fiscais ainda que modestas estipuladas pelo ministério da fazenda devem ficar abaixo dos 1,2% do PIB dado que a recessão vai prejudicar a arrecadação de impostos e os gastos aumentam por inércia.
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