O varejo e o momento econômico

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em
É evidente que o momento pela qual passa a economia mundial não é dos melhores, e o Brasil não passa ao lado da crise que atinge os países centrais do capitalismo global. Quem acompanha minimamente o noticiário econômico, percebe que os pacotes de incentivo do governo á indústria, embora meros paliativos não são do acaso, refletem a seriedade com que a crise internacional chegou ao Brasil sem perspectivas de mudança. Entretanto os reflexos da crise começam a surgir também em outro setor da economia que é tão importante quanto os demais, o pequeno varejo e a prestação de serviços, embora juntamente com o setor agrícola, o varejo brasileiro seja responsável pela manutenção do nível de emprego na economia, já podemos perceber visivelmente alguns sinais de cansaço.

As antecipações das liquidações das coleções outono/inverno ainda que o inverno não tenha terminado é um exemplo prático do que estamos falando, além disso, em Uberlândia quem passeia pelos nossos dois shoppings e vê uma quantidade considerável de suas lojas desalugadas, percebe que temos ainda muita capacidade ociosa e conseqüentemente mesmo no varejo que vem crescendo não estamos trabalhando em pleno emprego.

O gesto da presidente Dilma de se reunir com alguns dos maiores empresários brasileiros no começo do ano, sinaliza até uma boa vontade do governo de buscar alternativas ao momento atual da economia brasileira, mas o governo falhou, ao discutir soluções com os 27 maiores empresários do Brasil, a presidente excluiu das negociações aqueles que são responsáveis por mais de 60% da mão de obra ocupada no Brasil e por mais da metade do PIB nacional. Os micro, pequenos e médios empreendedores que com toda a certeza tem necessidades bastante distintas dos 27 notáveis que almoçaram com a presidente.

O aumento de 26% relativo a novas empresas na cidade de Uberlândia é muito bem vindo, ele não contradiz, no entanto o que estamos dizendo, este dado reflete em muito um esforço enorme do governo do estado e da prefeitura em se formalizar empresas já existentes e que por algum motivo ainda trabalhava na informalidade, conforme isto se concretiza é natural que haja uma maior expansão do numero de negócios funcionando no setor do varejo. Isto maqueia no entanto, o fato de muitas empresas estarem encerrando seus negócios, em Uberlândia 625 empresas finalizaram suas atividades.

Para segurar esta queda no entanto é preciso que o governo federal retome a pauta das reformas microeconômicas, custos de contratação e demissão demasiadamente altos, acesso limitado a fontes de crédito com baixos custos e prazos longos, redução de impostos, além de melhorar o ambiente de negócios com maior segurança jurídica, agilidade nos processos etc…

Sem isto, a participação efetiva do governo federal no assunto, os esforços dos estados e municípios são em vão, pois por mais que incentivem com doações de áreas, com projetos de infra-estrutura etc… sua capacidade de induzir o crescimento é pequena sem a presença de uma parceria com a união.

Enfim o processo de deterioração do crescimento do varejo não é observado a nível local apenas, usamos Uberlândia como exemplo, mas o comércio começa a sangrar em todo o país com exceção evidentemente de setores de primeira necessidade como alimentos e transporte ou seguimento de artigos de luxo que trabalha com uma classe que não é atingida pela crise.
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