Ano passado vários segmentos do comercio varejista experimentaram algo inédito, ou no mínimo raro de se acontecer, crescimento superior a 20% em relação a 2009 no faturamento de várias empresas em diversos setores, pontualmente houveram casos em que a expansão nas vendas chegaram próximas aos 30%. O desempenho do comercio varejista em 2010 foi portanto muito satisfatório.
Para este ano a perspectiva é que o volume de vendas continue a crescer, entretanto não se deve apostar em uma expansão de vendas semelhantes aos 20% constatados no ano passado, segundo a pesquisa mensal do comercio divulgada pelo IBGE houve um crescimento na casa de 6,2% nas vendas do varejo em relação a maio de 2010 representando um crescimento anualizado de 9,2%. Com ênfase maior aos setores de eletrodomésticos/móveis com crescimento de 17,2% e 16,7% do setor de comunicações/informática. Por outro lado os setores de combustíveis/lubrificantes com 5,3% e de produtos alimentícios com 6,5% foram os setores que cresceram menos.
É perfeitamente constatável que setores que trabalhem com produtos de primeira necessidade da população cresçam em intensidade menor do que os demais setores á medida que o nível de renda da população aumenta, ela passa a adquirir produtos que antes não consumia, mas continua consumindo a sua cesta básica de produtos relacionados á sua subsistência como transporte, alimentação e vestuário.
O fator preocupante é o aumento da inadimplência no comércio que encerrou o primeiro semestre do ano com alta de 22,3% a maior constatada desde 2002, entre cheques, protestos e dívidas bancárias, a população sofre um elevado nível de endividamento num momento onde devido ás pressões inflacionárias seus rendimentos reais crescem menos. O aumento da inadimplência desfavorece a concessão de crédito ao consumo e pode interferir negativamente nas vendas do varejo neste resto de ano.
Outro elemento que pode começar a surtir efeito nas vendas do varejo a partir do meio do ano são as medidas governamentais com foco no combate a inflação como corte de gastos e arrocho monetário, o primeiro funciona retendo recursos em poder do governo que cairiam na esfera da circulação na forma de consumo do setor público. A segunda medida atua encarecendo o crédito para que as famílias consumam, mesmo aquelas com situação cadastral regularizada.
Entretanto há também as medidas de estímulo ao consumo e ao gasto das famílias como o 13º que começará a ser pago em breve no segundo semestre, além das restituições de imposto de renda, que na prática incentivam o gasto familiar.
Caberá também aos lojistas e empresários serem criativos e dinâmicos no processo de “caça ao consumidor”, investir em ações de marketing, em promoções, e em atendimento personalizado podem ser aliados poderosos no processo de expansão de vendas em 2011, e com o acirramento da concorrência fica difícil esperar que o consumidor venha procurar a empresa.
Concluindo podemos esperar que a evolução dos negócios realizados no varejo este ano seja crescente, entretanto devemos ter o pé no chão, pois dificilmente conseguiremos atingir os indicadores impressionantes do ano passado.
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