Desafio 2011

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 24/05/2011

 

Estamos atravessando no Brasil um momento econômico no mínimo inusitado da nossa historia recente, os juros estão em escalada para conter a inflação dentro da meta o que até agora não tem emitido sinais de resultados positivos.

A inflação ocorre comumente quando a demanda é maior do que a oferta, ou quando a oferta é menor do que a demanda, são coisas diferentes. Podemos interpretar a primeira premissa supondo que existe capacidade ociosa na economia e que a médio ou longo prazo a situação se normalizará, já a segunda afirmativa implica em um problema um pouco mais complicado, trata-se do momento atual da economia brasileira onde o nível de emprego se encontra elevado e portanto a capacidade ociosa é escassa pois a oferta bateu no teto dos recursos disponíveis para acompanhar a demanda.

Mediante a isto podemos pensar em qual panorama se adaptaria melhor o momento atual da economia brasileira? Se pensarmos meramente no nível de emprego por volta dos 6% podemos escolher a segunda premissa para representar os dias atuais. Mas se observarmos a crescente expansão dos gastos públicos e alguns fatores que inibem a expansão de investimentos no Brasil, perceberemos que a demanda propulsionada predominantemente pelas despesas correntes do governo está acima do normal, enquanto a oferta, realizados alguns ajustes necessários tem espaço para se expandir.

O problema fiscal vem em primeiro lugar, os crescentes gastos do governo tem gerado uma assimetria entre demanda e oferta, criando com isto um aumento de preços que vem penalizar a outra vertente do consumo, as famílias.

Há também na composição da inflação brasileira um componente externo, onde a demanda mundial por matérias primas tem elevado o preço dos alimentos no Brasil contribuindo para o aumento do preço da cesta de consumo do brasileiro médio. Entretanto vale lembrar que a presença de produtos importados principalmente manufaturados tem ajudado a segurar um aumento mais dramático da inflação.

Mas por fim quero atingir um ponto crucial da nossa análise, com juros superiores a 12%, dificultamos a formação de poupança no país, sem esta, não deve haver uma grande elevação no nível de investimentos produtivos e por fim sem elevação na formação bruta de capitais não há expansão da oferta, sendo que se esta não acompanha a demanda haverá naturalmente expansão de preços em toda a economia.

Entretanto a taxa de juros não é a única vilã desta história, há uma série de reformas macro e microeconômicas que são essenciais para privilegiar a expansão dos investimentos no Brasil mais foram esquecidas pelo grupo que hoje ocupa o poder, podemos mencionar reformas como tributária e administrativa – sobre a gerência do governo sobre seus recursos – no campo das macro, e sem dúvida nenhuma a reforma trabalhista na área micro, reforma esta fundamental para o crescimento das pequenas empresas do comercio e dos serviços mas que correspondem a 66% do PIB brasileiro.

Ocorre no Brasil que o governo não investe, ou investe minimamente em alguns projetos de pouca relevância em termos de custo/benefício e também não induz que a iniciativa privada seja ela de grande escala ou pequena invista, começar cortando os desperdícios nos gastos gerando assim margem para que caiam os juros e utilizando a ampla maioria no congresso para aprovar as reformas mencionadas podemos estar diante de uma boa solução.
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