Brasil que queremos

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia em 28/09/2010
 
A sensação de bem estar na qual a população brasileira está submergida neste momento não pode nos fazer acreditar que os problemas brasileiros estejam todos solucionados.

Na verdade o Brasil no curto prazo apresenta um bom desempenho econômico, as pessoas consomem, as empresas produzem e o país cresce, mas será que apenas o crescimento a qualquer custo basta para as aspirações dos brasileiros?

O fato é que o Brasil embora grande, é um país repleto de injustiças e desigualdades, a lei embora extensa nem sempre vale para todos, a educação que recebe as crianças de diferentes classes sociais também é muito desigual, o hiato que separa a população 1% mais rica dos 30% mais pobres é muito alto, ou seja o Brasil está longe de ser considerado um país justo.

Para reverter esta situação o próximo presidente deverá recolocar na pauta do governo as reformas que este governo não foi capaz de realizar, mais ainda, será tarefa do próximo governo investir maciçamente na educação básica, para que as crianças pobres tenham uma perspectiva de futuro e este hiato de desigualdade seja atenuado.

Nada contra o Bolsa Familia que é um programa importante no sustento de famílias carentes, mas poderíamos fazer uma reflexão, o que está sendo feito para que dentro de 20 ou 30 anos não dependamos mais do programa? Para que no longo prazo o programa não exista mais por que as pessoas conseguiram vencer esta barreira da pobreza e da miséria com esforços próprios.

Além disso não creio que no Brasil os hábitos políticos estejam avançando conforme se espera que aconteça, as pessoas dizem que corrupção acontece em todo lugar, ou que é um mal enraizado na cultura política dos brasileiros, o que não procede, se corrupção é normal em todo o lugar a impunidade não pode ser, não dá pra manter a sensação no país de que quem rouba galinhas é preso e quem desvia milhões dos cofres publicos ou de empresas estatais não acontece nada, o Brasil está vivendo um crise moral e mais do que isto, o país vive uma crise de exemplos, se corrupção acontece lá em cima a população passa a se sentir no direito de errar também, o que gera um ciclo vicioso no Brasil de desrespeito ás leis.

Outra questão a qual recorremos pode ser sobre será que a população realmente participa da defesa dos seus interesses no processo político? Vamos ao exemplo do pré-sal, o governo quer aprovar o marco regulatório e a partilha dos royaltes antes do final do ano, mas sem um debate minucioso com a sociedade onde representantes de vários setores sociais possam participar de um processo que evidentemente tem de ser conduzido pelo governo mas ouvindo soluções de quem tem interesse no assunto.

Para que as reformas tributária, trabalhista, política e previdenciária saiam do papel nos próximos anos o governo terá que tomar a liderança no processo, mas terá que ser feita de forma que a sociedade brasileira discuta e participe e as reformas sejam feitas e devolvam competitividade a quem produz e segurança a quem trabalha no Brasil.

É necessário que a política no Brasil seja mais popular, isso só será possivel quando a justiça prevaleça sobre a impunidade que o foco social no Brasil mude, não basta para uma nação apenas crescer economicamente ,como disse Fernando Henrique Cardoso estamos muito preocupados com nossa grande capacidade de gerar riqueza e não tanto focado na nossa não tão grande capacidade de gerar bem estar.
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