Causas da crise da saúde

Publicado no Jornal Correio de Uberlândia no dia 04/02/2016
Entramos no quarto e último ano de governo Gilmar Machado à frente da prefeitura de Uberlândia e; segundo a teoria do ciclo político; esta deveria ser a fase onde o governante pensando na reeleição estivesse inaugurando obras; elevando a oferta de bens e serviços públicos e desfrutando de um intenso prestígio junto ao eleitorado.

 

Paradoxalmente não é isto que está acontecendo em Uberlândia; temos na prática uma prefeitura sem recursos; que inchou a máquina pública; que minguou os investimentos do orçamento e que desestruturou serviços públicos que antes atendiam de forma razoável a população, vide o caso do transporte escolar e mais recentemente da saúde pública.

 

Tudo isso rendeu ao prefeito municipal o apelido de Maquiavel às Avessas em alusão a obra política do autor que recomendava ao Príncipeconcentrar as “más ações” em um único período enquanto realizasse as ações que lhe confeririam prestígio junto à população aos poucos; apostando na curta memória da sociedade. Definitivamente; ao olhar para a agenda de ações da prefeitura e para as notícias que lotam os nossos jornais esta preciosa regra está sendo ignorada.

 

A economia; tal como a medicina e o direito compõem um seleto grupo de ciências morais; de forma que pequenos acertos levam a pequenos benefícios para a sociedade; ao passo que pequenos equívocos; ainda que dotados de boas intenções; podem redundar em desastres de grandes proporções, não há margem portanto para experimentalismos; achismos e heterodoxias nestas áreas.

 

O exemplo mais gritante de fracasso de um governo que piorou em quase todas as áreas a cidade que herdou é a saúde; um serviço que atendia de forma razoável a população e que por um amargo equívoco na mudança de gestão condena a população de Uberlândia à precarização de um serviço tão essencial. Os jornais nos contam diariamente que faltam remédios; materiais cirúrgicos; e a partir deste ano faltarão médicos já que segundo o argumento oficial falta recursos para se pagar as horas extras dos profissionais, será?

 

Observando os dados do orçamento desde 2005 e ao se confirmar a projeção orçamentária para 2016 votada pela própria base da câmara; o governo Gilmar Machado terá gastado em 4 anos de governo acumulados R$2.001 bilhões com saúde; contra R$1.807 bilhões em 8 anos de governo Odelmo. Temos portanto duas diferenças gritantes; a primeira diz respeito ao montante de recursos; quase R$200 milhões a mais em 4 anos menos; a segunda diz respeito à diferença na prestação dos serviços; no governo passado foi construído 1 hospital; a UAI São Jorge e reformadas e/ou ampliadas as demais 7 UAIs, enquanto neste governo não se criou um leito.

 

A conclusão que se tira destes números é o fracasso do modelo de gestão que está sendo tentado na cidade de Uberlândia; a opção pela Fundasus foi um equívoco e deveria ser abandonada, na prática foi a grosseira criação de um monopólio que custou muito caro e desestruturou o serviço, a teoria internacionalmente aceita sobre os monopólios apontam para ineficiência; gastos excessivos com atividades meio; burocratização do serviço e perda de bem estar do usuário. O modelo anterior não apenas era melhor pois estabelecia concorrência entre as entidades que administravam as 8 UAIs, isso aproximava a gestão do usuário; eliminava desperdícios e todos ganhavam com a competição saudável entre elas, como também custava menos ao contribuinte.
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