O Plano Levy

Na última terça feira 14 o Ministro da Fazenda Joaquim Levy anunciou uma série de medidas para dar andamento no chamado ajuste fiscal, está sendo inclusive muito criticado por isso já que colocou a impopular CPMF no seu Pacote. Já utilizei deste espaço em outras ocasiões para criticar quaisquer medidas de alívio fiscal ancoradas na ampliação de impostos, e em particular, noutro artigo me referi à CPMF.

 

É evidente que nada que este humilde economista – estudioso é verdade – sobre setor público e macroeconomia diga, já não tenha sido levantado pelo Ministro da Fazenda e sua competente equipe técnica, neste sentido é compreensível que todo o esforço que Levy tem empenhado – ainda que sob o custo de relançar a CPMF – está se dando no sentido de evitar uma crise de grandes proporções.

 

E aí vale uma constatação, aos críticos do Ministro, eleitores de fulano ou de ciclano, e que portanto partidarizam uma questão que é técnica, caso o pacote fiscal não surta o efeito necessário para estancar os déficits primários no orçamento e para estabilizar a relação dívida/PIB, a atual crise da economia brasileira que vai jogar o PIB em – 2,5%, o desemprego em 10%, a inflação igualmente em 10%, somado falências, endividamento, empobrecimento geral em 2015 e que irá estender seus impactos para o ano que vem. Será apenas amostra grátis do que poderá acontecer caso este plano fracasse.

 

Estamos diante de uma situação que beira o descontrole, temo que este badalado pacote não entregue os efeitos desejados, isso significa que a gestão macro pode estar saindo do controle das autoridades competentes, num ambiente que a política fiscal perde eficácia pois a elevação dos impostos produz muita recessão e pouco, ou nenhum esforço fiscal, e que pode gerar um efeito contágio sobre a política monetária, dada ao alto nível de indexação existente na economia brasileira demandando níveis de juros cada vez mais altos para uma inflação que já foi de 5% e hoje é de 10%.

 

Mas a sociedade é unânime em pedir corte de gastos da máquina pública, e até certo ponto estão certos, a nova realidade que se põe exige uma readequação do escopo de atuação do Estado brasileiro, entretanto o consenso acaba aí, quando se olha pro orçamento, e se começa a estudar aonde cortar começa o conflito, por que cada grupo de interesse que acostumou a receber algum benefício do Estado durante estes 6 anos, espera que ajuste seja feito sobre o corte de gastos dos outros e não do próprios, o que dificulta o andamento da reforma do Estado em um ambiente democrático.

 

O fato é que a resolução da crise de solvência do Estado é urgente, exige que se adote medidas impopulares, e justiça seja feita ela não foi construída nestes 8 meses em que Levy está à frente da Fazenda, mas foi herdada de seu antecessor que abusou de medidas populares e populistas e deu no que deu.

 

Caso isto aconteça, haverá um empobrecimento geral do país, todas as conquistas alcançadas a altos custos após o plano Real estão em xeque, a Argentina está logo ao lado para nos dar o exemplo, mas não só, Grécia, Rússia, Venezuela e vários outros países podem nos ensinar o quão penosa se torna uma sociedade que utiliza o Estado em favor de grupos e se vale do orçamento para o gozo do prestígio político ainda que temporário.

 

O momento é fértil, a crise vai nos despertar o sentimento de mudança, pra melhor ou pra pior? O julgamento da história nos reserva o seu espaço.
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