Brasil sem Investiment Grade

Desde meados do ano passado se arrastava um murmúrio quanto uma possível queda na classificação da dívida pública brasileira, eu particularmente, dizia em artigos, entrevistas e palestras que esta não era mais uma questão de SE, mas sim uma questão de QUANDO isto ocorreria, dado que, por qualquer aspecto relevante da nossa macroeconomia, os fundamentos não correspondiam a uma economia sólida e confiável.

 

A falta de coesão entre as políticas macroeconômicas no período anterior minaram a capacidade de crescimento da economia brasileira, uma vez que, o expansionismo fiscal intencionado a promover o crescimento redundou em forte aumento da inflação, esta por sua vez demandava uma política monetária cada vez mais contracionista por via da elevação dos juros, estes mais altos somado com a expansão dos gastos públicos e a corrosão do superávit primário criaram um forte impacto no sentido de elevar a dívida pública que saltou no último ano e meio de algo próximo a 55% do PIB para próximo a 67%.

 

Em outubro do ano passado quando em pleno período eleitoral, já se sabia que medidas corretivas deveriam ser tomadas na economia brasileira, a falta de transparência da presidente no cargo entretanto atacando todos aqueles que defendiam medidas de ajuste e reformas, seguida pela implantação destas mesmas medidas ditas “conservadoras” no período imediatamente sequente a sua vitória, traduziram em um duro golpe na confiança dos agentes econômicos e da sociedade como um todo. Se a presidente já enfrentava uma forte rejeição por parte da parcela da sociedade que se manifestou nos dois projetos de oposição, por outro lado ela passou a contar com a desconfiança daqueles que apoiaram o seu projeto.

 

Vencidas as eleições o Brasil se deparou com a dureza de suas escolhas, o projeto em vigência se exauriu e com ele todo ambiente econômico, a situação exigia mudanças, e eles vieram, a própria nomeação do ministro Joaquim Levy apontava para isso, as primeiras medidas anunciadas pelo ministro se deram no caminho certo, e não se pode dizer que seria diferente em caso de vitória das duas candidaturas de oposição que se puseram.

 

E aqui vale uma observação, ajuste (seja ele da natureza que for, no nosso caso o fiscal e o externo se colocavam com mais urgência) não se faz preservando direitos nem benefícios, para a desgraça de setores da sociedade, a margem que nos restava à meses atrás para imprimir uma mudança de rumos na economia contemplava medidas bastante impopulares, como correção de preços administrados e seus impactos inflacionários, como corte de gastos em saúde, educação e previdência, como eventuais reposições ou aumento de impostos, como desemprego, entre outros.

 

Mas a pior notícia estaria por vir, todo o esforço feito (e não foi pouco) produziu muita recessão, pouco – ou nenhum – alívio nas contas públicas e elevação das desconfianças que redundaram na perda do nosso Grau de Investimento e agora, a crise vai realmente amplificar seus efeitos sobretudo nas camadas mais vulneráveis da sociedade.

 

É hora de tomarmos uma decisão, faremos as reformas e atacaremos os privilégios e benefícios distribuídos a todos os setores da sociedade desde o mais importante empresário até os sindicatos e trabalhadores? Ou debandaremos de uma vez por todas ao populismo mergulhando na miséria e tornando o Brasil um lugar insuportável de se viver? A escolha é da sociedade.
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